Zika triplica número de notificações no RN

O número de notificações do Zika Vírus mais do que triplicou no Rio Grande do Norte de 2018 para 2019. Em 2019, foram 302 casos notificados no Estado, 222 a mais do que no ano de 2018, quando 80 foram notificados. Esse é o número mais alto desde o ano de 2016, na última grande epidemia da doença. 

Apesar do aumento nas notificações, o número de casos confirmados não teve uma variação tão grande de um ano para o outro: o ano de 2019 teve 11 casos confirmados da doença em gestantes, enquanto em 2018, foram 10 casos. 

A situação acompanha uma tendência nacional: de acordo com dados do Ministério da Saúde, 16 estados brasileiros tiveram aumento na quantidade de notificações em 2019. No estado de São Paulo, por exemplo, as notificações saltaram de 353, em 2018, para 1.562, em 2019. Algo similar aconteceu em Minas Gerais, que teve 1.110 casos em 2019, 729 a mais do que no ano anterior. Assim como o Rio Grande do Norte, esses estados vivenciaram uma queda na quantidade de notificações desde o fim da epidemia, em 2016. 

O aumento na quantidade de notificações em gestantes colocou em alerta as autoridades de saúde, principalmente pelo temor de um novo surto de casos de microcefalia. De acordo com o Ministério da Saúde, a microcefalia pode ser causada por diferentes fatores, desde substâncias químicas e infecciosas até bactérias e vírus.

O último surto, no entanto, que aconteceu no ano de 2015, estava associado ao aumento da incidência do vírus Zika entre gestantes. “Temos um comportamento a nível nacional de aumento no número de notificações, especialmente para a Zika. O RN, particularmente, teve uma incidência muito acentuada de casos suspeitos tanto para dengue como para a Chikungunya, ou seja, há um aumento de notificações de arboviroses”, afirma a coordenadora do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria do Estado de Saúde Pública (Sesap), Alessandra Lucchesi. 

Assim com a dengue e a Chikungunya, o Zika Vírus tem como vetor o mosquito Aedes aegypti, que costuma se proliferar principalmente nos meses de chuva, quando aparecem mais lugares propícios para a sua reprodução, que costuma acontecer em focos de água parada. 

A coordenadora afirma que as autoridades de saúde entram o ano de 2020 em alerta quanto a esse aumento, diante da possibilidade de uma incidência ainda maior para o ano seguinte. “O alerta fica. De acordo com o último boletim que publicamos, associamos casos de microcefalia a infecções congênitas de modo geral, não apenas à Zika, mas a preocupação permanece e há necessidade de um trabalho coletivo para conseguir controlar a infestação de mosquitos e reduzir os efeitos da circulação viral”, destaca Lucchesi. 

Dentre as recomendações feitas pela Sesap às gestantes, está a utilização de repelente ao longo de toda a gravidez. “As ações mais efetivas são aquelas tomadas pela própria população, no sentido de estarem atentos em suas casas e espaços para possíveis locais que poderiam ser focos do Aedes aegypti”, destaca. Além disso, ela afirma que a Secretaria está trabalhando junto aos municípios para dar apoio ao trabalho desempenhado pelos agentes locais de combate às endemias. “É importante que esse assunto tenha cada vez mais evidência, porque é uma responsabilidade intersetorial”, completa. 

Da Tribuna do Norte

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