Zelensky culpa ‘Putin e resto da escória’ por tentar associar Ucrânia a atentado terrorista em Moscou

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursa em Kiev durante ato para marcar o segundo aniversário da guerra contra a Rússia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursa em Kiev durante ato para marcar o segundo aniversário da guerra contra a Rússia — Foto: AFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pronunciou-se, neste sábado, sobre as acusações feitas por autoridades russas de que a Ucrânia teria alguma vinculação com o atentado terrorista que deixou 133 mortos em uma casa de show nos arredores de Moscou. Zelensky acusou “Putin e o resto da escória” de tentar encontrar alguém para transferir a culpa pelo atentado.

— O que aconteceu ontem é óbvio: Putin e o resto da escória estão apenas tentando jogar a culpa para alguém — disse Zelensky.

Pouco depois do atentado terrorista em Moscou, autoridades russas se apressaram em apontar algum vínculo da Ucrânia ao ataque. Um dos primeiros comentários neste sentido partiu do ex-presidente e vice-chefe do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, que sugeriu participação de Kiev. Neste sábado, foi a vez do presidente Vladimir Putin sugerir algum nível de envolvimento ucraniano, sugerindo que “dados preliminares” indicaram que os terroristas tentariam fugir por “uma janela” na fronteira, “preparada do lado ucraniano”.

Autoridades de Kiev contestaram a versão apresentada pelas autoridades russas e negaram qualquer envolvimento do governo com o ato terrorista. O assessor presidencial Mikhailo Podoliak descreveu, neste sábado, as afirmações russas como “absolutamente insustentáveis e absurdas”, enquanto Andriy Yusov, um representante da inteligência ucraniana ouvido pela rede britânica BBC, indicou que a área apontada por Moscou — quatro dos suspeitos foram presos na região de Bryansk, na fronteira com a Ucrânia e Belarus, segundo o Comitê de Investigação Russo — está repleta de militares e serviços de segurança russos. Qualquer terrorista que fugisse do local do ataque teria de ser “estúpido, suicida” ou querer ser pego para se dirigir para lá, disse Yusov.

A Legião da Liberdade da Rússia, grupo de combatentes russos pró-Ucrânia, também negou qualquer envolvimento.

Os serviços de segurança da Rússia (FSB) afirmaram, neste sábado, que 11 pessoas suspeitas de envolvimento com o atentado foram presas, incluindo os quatro terroristas que abriram fogo contra os civis. Em um comunicado, o Ministério do Interior afirmou que todos seriam estrangeiros, mas não especificou o país de origem de cada um. Um deputado russo, assim como veículos de imprensa do país, afirmaram que ao menos um deles é do Tajiquistão — país que faz fronteira com o Afeganistão, onde o Estado Islâmico, que reivindicou o ataque na sexta, se mantém ativo.

A agência russa Ria Novasti publicou fotos e vídeos dos suspeitos presos, incluindo uma gravação de uma suposta confissão. As informações publicadas pela agência, que ainda não foram oficializadas por nenhum órgão governamental russo, apontam que alguns dos homens se conheciam há apenas 10 dias, e ao menos um deles disse ter sido contatado por alguém que se identificou como “um assistente do pregador”, oferecendo meio milhão de rublos (cerca de R$ 27 mil) para realizar o ataque. Posteriormente, ainda de acordo com a agência, ele teria dado um número diferente. Não está claro se os depoimentos foram colhidos sob tortura. (Com AFP)

Fonte: O Globo

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