Volta a chover forte em Porto Alegre e fim de semana pode ser ainda pior

417 municípios foram atingidos no Rio Grande do Sul -  (crédito: SEBASTIAO MOREIRA/EPA-EFE/REX/Shutterstock ()
417 municípios foram atingidos no Rio Grande do Sul - (crédito: SEBASTIAO MOREIRA/EPA-EFE/REX/Shutterstock ()

Chuvas fortes voltaram a atingir o Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (8/5), em meio à tragédia sem precedentes deixada pelas enchentes no início desta semana.

Serviços meteorológicos alertam para previsão de 15 mm de chuvas, ventos fortes que podem passar dos 80 km/h e possibilidade de raios na região de Porto Alegre.

Segundo o Climatempo, mais do que o volume de chuvas, preocupa a previsão de temporais (chuva forte com raios) e ventos fortes em todo o estado.

As enchentes já deixaram 100 mortos, 372 feridos, 228 desaparecidos até as 12h da quarta-feira, segundo a Defesa Civil.

Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas em 417 municípios. Cerca de 66 mil pessoas estão em abrigos e outras 163 mil tiveram que deixar suas casas.

O retorno das chuvas paralisou parte dos serviços de resgate e salvamento promovido por autoridades e voluntários. A prefeitura de Porto Alegre pediu que os barcos parasse temporariamente as atividades no início da tarde da quarta-feira.

As piores chuvas são esperadas na região sul do Rio Grande do Sul, segundo o Climatempo, mas todo o Estado deve ser afetado.

A previsão é pior para o fim de semana. A partir de sexta, “há condições para chuva frequente, ocorrência de temporais e acumulados extremos” especialmente na porção centro-norte do Estado, incluindo as regiões que já foram muito afetadas.

A Defesa Civil alerta que as pessoas resgatadas de áreas alagadas, inundadas ou que correm o risco de sofrer deslizamentos de terra não devem voltar para suas casas, especialmente na região metropolitana de Porto Alegre.

Não há condições seguras para retorno, diz a Defesa Civil. Além da previsão de chuva e possibilidade de mais deslizamentos e enchentes, há o risco de contaminação por doenças.

O nível do Rio Guaíba abaixou mas ainda está acima do 5 metros – 2 metros acima do que é considerado o máximo antes de causar inundação (3 m).

A previsão é que, mesmo sem chuvas, o rio continue acima da cota de inundação até a próxima semana e que o nível só volte ao normal no final de maio.

Segundo o governo do Estado, cinco barragens apresentam grande risco de rompimento e as autoridades já estão promovendo a retirada imediata de pessoas nas áreas de risco. São elas:

A força tarefa organizada pelo governo do Estado e pelo governo federal continua atuando na região.

O governo federal informou que já destinou R$ 1,6 bilhão ao Estado entre liberação de emendas parlamentares, recursos para auxílio social, aquisição de alimentos, garantia de energia, entre outras iniciativas.

Autoridades federais e estaduais têm trabalhado para restabelecer os serviços e a distribuição de águas e alimentos.

Meteorologistas ouvidos pela reportagem da BBC News Brasil explicam que as chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias são consequência de uma combinação de três fatores principais:

“Essa massa de ar quente sobre a área central do país bloqueou a frente fria que está na região Sul, impedindo-a de avançar e se espalhar para outras localidades. A junção desses fatores faz com que essa instabilidade fique sobre o Estado, causando chuvas intensas e continuas”, explica Dayse Moraes, meteorologista do Inmet.

Aliado a isso, o período entre o final de abril e o início de maio de 2024 ainda tem influência do fenômeno El Niño, que é responsável por aquecer as águas do oceano Pacífico, contribuindo para que áreas de instabilidade fiquem sobre o Estado.

Essa combinação de diversos fatores de uma única vez é considerada rara pelos especialistas.

As chuvas catastróficas do Sul têm relação direta com a onda de calor registrada na região Centro-Oeste e Sudeste, onde as temperaturas estão cerca de 5°C acima da média neste outono.

“Com a intensificação das mudanças climáticas globais, os eventos climáticos extremos serão mais frequentes e intercorrentes”, acrescenta Rafael de Ávila Rodrigues, professor e climatologista do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Catalão (UFCAT).

Fonte: Correio Braziliense

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