Vídeos mostram polícia usando armas de choque e gás lacrimogêneo contra manifestantes pró-Palestina nos EUA; assista

Três policiais prendem um estudante durante protesto pró-Palestina em Atlanta
Três policiais prendem um estudante durante protesto pró-Palestina em Atlanta — Foto: AFP

Em meio à onda de protestos contra a guerra em Gaza que tomou as universidades americanas, dezenas de manifestantes foram presos nesta quinta-feira durante um ato pró-Palestina no campus da Universidade Emory, em Atlanta. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a polícia repreendendo ativistas com armas de choque e gás lacrimogêneo. Em um deles, um homem negro aparece rendido e algemado ao chão enquanto um agente usa um taser em sua perna.

Segundo testemunhas, foram feitos disparos com balas de borracha e foi usado spray de pimenta para dispersar um grupo que tentava montar acampamento no local. Estudantes e ativistas dizem que pelo menos 20 pessoas foram levadas, incluindo a professora universitária Noelle McAfee, chefe do departamento de Filosofia da universidade. Em um vídeo, McAfee aparece sendo levada algemada por um policial.

Estudantes da universidade montaram um acampamento no campus para pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza e o fim do apoio dos EUA à ofensiva israelense. Imagens mostram agentes das forças de segurança detendo dezenas de jovens ao lado de barracas de camping.

A polícia negou que balas de borracha tenham sido disparadas, mas admitiu o uso de sprays de pimenta depois de ter o pedido de dispersão rejeitado por um grupo de manifestantes, que incluía estudantes e não-estudantes.

Em comunicado, a universidade afirmou que a onda inicial de ativistas não estava associada à escola, embora “membros da comunidade Emory tenham se juntado ao grupo inicial”. A instituição citou que “algumas dezenas” de pessoas foram levadas sob custódia, mas não disse exatamente quantas, ou se algum deles foi acusado.

Ao New York Times, uma porta-voz da universidade não comentou as alegações sobre uso de força contra os estudantes, afirmando apenas que os protestos são “uma tentativa de atrapalhar nossa universidade, no momento em que os alunos terminam suas aulas e se preparam para as provas finais”. Ela disse ainda que Emory “não tolera vandalismo ou outras atividades criminosas no campus”.

Desde semana passada, mais de 400 pessoas foram presas, mas os protestos continuam a ganhar corpo em universidades americanas. A Universidade Emory é uma das mais de 20 instituições de ensino superior, espalhadas por ao menos 11 estados, que cobram medidas efetivas de suas reitorias para cortar laços com empresas que apoiam a guerra de Israel contra o Hamas no enclave palestino.

Em Boston, mais de 100 manifestantes foram presos entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta no campus do Emerson College, onde estavam acampados desde domingo. A polícia local iniciou uma operação para desmontar o acampamento, o que foi concluído na manhã desta quinta-feira, mas houve resistência. Quatro policiais teriam ficado feridos no processo.

Na Universidade Princeton, em Nova Jersey, estudantes montaram um acampamento em um campus nas primeiras horas do dia, exigindo o boicote acadêmico e cultural a Israel, o fim das pesquisas envolvendo o desenvolvimento de armas e um cessar-fogo em Gaza. Na véspera, uma das vice-reitoras emitiu comunicado no qual defendeu o “robusto compromisso com a liberdade de expressão” na universidade, mas também ameaçou prender, suspender e até expulsar estudantes envolvidos em atos como protestos de grande porte e acampamentos. Imagens publicadas em redes sociais mostram pessoas sendo presas no campus, mas a instituição não se pronunciou.

Responsáveis pela administração de universidades do Texas à Califórnia agiram para dispersar os manifestantes e impedir que acampamentos se estabelecessem em seus próprios campi, como ocorreu na Universidade de Columbia, mobilizando a polícia. Em Los Angeles, 93 manifestantes foram presos no campus da Universidade do Sul da Califórnia (USC), após um chamado por invasão de propriedade.

Uma operação similar foi realizada, também na quarta-feira, no campus da Universidade do Texas em Austin. Trinta e quatro pessoas foram detidas, segundo as autoridades estaduais. O governador Greg Abbott prometeu que as prisões continuariam até o protesto se dispersasse, afirmando que os manifestantes “pertencem à prisão”. Em uma publicação no X (antigo Twitter), o republicano disse que “estudantes que participam de protestos antissemitas cheios de ódio em qualquer faculdade ou universidade pública no Texas deveriam ser expulsos”. Nesta quinta-feira, a Guarda Nacional do Texas disse que seus militares estavam no campus prontos para prestar apoio, mas não chegaram a ser acionados — mesmo assim, a Guarda se diz “preparada para agir, se requisitada”.

Diante do aumento dos protetos, o presidente Joe Biden disse, por meio de uma porta-voz, que “apoia a liberdade de expressão, o debate e a não discriminação nos campi”.

— Acreditamos que é importante que as pessoas possam se expressar pacificamente. Mas quando há uma retórica de ódio, quando há violência, temos que denunciá-la — afirmou Karine Jean-Pierre em entrevista coletiva na Casa Branca.

Fonte: O Globo

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