Vídeo mostra o resgate dramático de grupo de refugiados em naufrágio, na Indonésia; assista

Refugiados rohingya são resgatados no mar após barco virar
Refugiados rohingya são resgatados no mar após barco virar — Foto: AFP

Dezenas de refugiados Rohingyas presos no casco enferrujado de um navio naufragado foram resgatados, nesta quinta-feira, depois que o grupo desidratado e queimado de sol ficou à deriva no mar por mais de um dia, na Indonésia.

Com 69 homens, mulheres e crianças, alguns dos quais estavam no mar há semanas num barco de madeira frágil, saídos de campos no Bangladesh, para onde muitos da minoria muçulmana Rohingyas, fortemente perseguida de Mianmar, fugiram.

Gravações feitas pela AFP durante o momento do resgate mostram homens, mulheres e crianças enquanto são levados para um local seguro pela agência local de salvamentos.

O casco avermelhado do navio que saía da água era o único refúgio, depois que um barco de madeira e outro navio que tentava ajudá-los afundaram nesta quarta-feira. O segundo barco, pertencente a pescadores locais, virou quando os refugiados tentaram subir em pânico. As embarcações afundaram a cerca de 30 quilômetros da costa em West Aceh.

“Por que o barco virou? Choveu muito”, disse um sobrevivente de 27 anos que se identificou como Dostgior, em indonésio.

Os sobreviventes estimam que cerca de 150 rohingyas estavam a bordo e dezenas foram arrastados, de acordo com pescadores locais e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no que representaria outra tragédia no mar para a minoria fortemente perseguida de Mianmar.

“O total de vítimas resgatadas (vivas) é de 69”, informou a agência local de busca e resgate em comunicado, com nove crianças, 42 homens e 18 mulheres.

— Estou no mar há 15 dias, mas há outros aqui que estão aqui há mais tempo. Alguns estão aqui há um mês —, disse Dostgior. O refugiado disse que viajou de Cox’s Bazar, em Bangladesh, para onde muitos Rohingya fugiram.

— Em Bangladesh, conheci alguém que poderia me levar para a Indonésia. Meu objetivo ao ir para a Indonésia é pagar alguém para me levar à Malásia. Uma vez na Malásia, pagarei outra pessoa para entrar —, disse ele à AFP.

Muitos Rohingya fazem a perigosa viagem de 4 mil quilômetros de Bangladesh à Malásia, e acabam por integrar uma operação multimilionária de contrabando de seres humanos, que muitas vezes envolve escalas na Indonésia.

As autoridades levaram o grupo para terra na capital Meulaboh, no oeste de Aceh, nesta quinta-feira, disse a agência local de busca e resgate.

Eles foram recebidos no porto de Meulaboh por 10 ambulâncias e médicos que aguardavam, que levaram alguns dos refugiados ao hospital, enquanto outros foram levados para um abrigo temporário em um antigo prédio da Cruz Vermelha em um vilarejo próximo, disse um jornalista da AFP.

No entanto, os moradores da aldeia de Beureugang lançaram um protesto contra os refugiados que ali estavam e desfraldaram uma faixa que dizia: “Rejeitamos os refugiados Rohingya”.

Alguns barcos Rohingya que desembarcaram em Aceh nos últimos meses foram empurrados de volta para o mar, à medida que o sentimento em relação ao grupo minoritário mudava na província ultraconservadora da Indonésia.

Muitos habitantes de Aceh, que guardam memórias de décadas de conflitos sangrentos, são solidários com a situação dos seus companheiros muçulmanos.

Já outros dizem que a sua paciência foi testada, e alegam que os Rohingya consomem recursos escassos e ocasionalmente entram em conflito com os habitantes locais.

Alguns dos refugiados disseram que eram de Mianmar e tentaram chegar à Tailândia, mas foram rejeitados, disse o secretário-geral da comunidade pesqueira de West Aceh, Pawang Amiruddin, à AFP na quarta-feira.

Nesta quarta-feira, seis Rohingya do mesmo navio foram resgatados por pescadores.

Um desses sobreviventes disse que dezenas de refugiados foram arrastados pelas correntes e estavam desaparecidos ou temia-se que estivessem mortos.

— Ele disse que o barco levou 151 pessoas. Depois que o barco virou, cerca de 50 pessoas podem estar desaparecidas e falecerem. Ainda estamos em coordenação com as respectivas agências governamentais para fazer o nosso melhor para salvar o maior número de vidas possível —, explicou Rahman.

De meados de Novembro até ao final de Janeiro, 1.752 refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, desembarcaram nas províncias indonésias de Aceh e Sumatra do Norte, segundo o ACNUR. Centenas permanecem em abrigos.

A agência disse que foi o maior influxo para o país de maioria muçulmana desde 2015.

Fonte: O Globo

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