Vídeo: apontado como líder de esquema do PCC exibe armas e ameaça resolver problema com ‘brinquedinhos’

Vagner Borges Dias está foragido. Em vídeo, foto do empresário aparece dentro de cofre com armas e munição
Vagner Borges Dias está foragido. Em vídeo, foto do empresário aparece dentro de cofre com armas e munição — Foto: Reprodução/MPSP

Um dos principais investigados na operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que mira esquema de fraudes a licitações que favorecia empresas ligadas ao PCC, o empresário Vagner Borges Dias exibia armas e fazia ameaças em vídeos, áudios e mensagens obtidos pelos investigadores.

Conhecido como ‘Latrell Brito’ (nome que utiliza em sua carreira artística como cantor de pagode), Vagner é proprietário de uma série de empresas que forjavam concorrência entre si e pagavam propina a agentes públicos para faturar contratos em mais de uma dezena de municípios do estado. O esquema faturou R$ 200 milhões apenas nos últimos anos, segundo o Ministério Público. O empresário está foragido desde o dia 16 deste mês.

Em um dos vídeos acessados a partir da quebra de sigilo telemático, Vagner exibe três armas, além de munições, guardadas em seu cofre. Ao interlocutor, o empresário sugere utilizar seus “brinquedinhos” para “resolver uma pendenga”, conforme descrito pelos investigadores.

— Vou resolver, Dé. Você quer que eu resolva com a carteira vermelha ou você quer que resolva com esses dois brinquedos, aqui. Dois, não, né. Tem mais um aqui, mais um, três, três brinquedinhos. Você quer a carteira vermelha ou esses brinquedos aqui? — disse Vagner.

A “carteira vermelha” exibida no vídeo se refere a um documento, de “origem e propósito duvidosos”, da Câmara de Arbitragem. Segundo o MP-SP, trata-se de um artifício usado pelo empresário para obter “autoridade fictícia”.

Vagner tem registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), mas descumpria as regras impostas à categoria. Em outro vídeo, o empresário mostra uma arma no console de seu carro no dia da eleição de 2022, quando resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetava o transporte de armamentos.

— Falaram que ‘os CAC’ não pode andar armado (sic). Ó, Juninho, tô daquele jeito. Daquele jeitinho que você conhece. Pra votar, pra votar — disse Vagner, exibindo a arma.

A bordo de outro veículo, uma Mercedes-Benz, o suspeito mostra um chumaço de notas de R$ 100 em outra gravação. Grande volume de dinheiro também aparece em outros vídeos do empresário exibindo seu cofre. Em um deles, Vagner mostra um comprimido de “azulzinho”, possivelmente um medicamento para disfunção erétil.

— Hoje é azulzinho. (…) Vou levar um desses aqui pra nós, tá, Juninho? — fala.

O destinatário dessas duas últimas gravações, ‘Juninho’, é Carlos Roberto Galvão Júnior, que, segundo as investigações, é titular de uma das empresas do grupo de Vagner e “exerce relação de compadrio e cumplicidade criminosa” com o empresário. Carlos Roberto foi preso na semana passada.

Até o momento, 17 pessoas já foram denunciadas à Justiça por conta de envolvimento com o esquema criminoso investigado pelo MP-SP. O GLOBO não conseguiu contato com a defesa de Vagner Borges Dias. Ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, os advogados do suspeito declararam que o empresário “é inocente” e que já recorreram contra o pedido de prisão temporária.

Fonte: O Globo

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