Veja tudo o que se sabe sobre incêndio em pousada de Porto Alegre que deixou ao menos 10 mortos

Incêndio em pousada deixa ao menos nove mortos na madrugada desta sexta-feira
Incêndio em pousada deixa ao menos nove mortos na madrugada desta sexta-feira — Foto: Reprodução/Redes sociais

Na madrugada desta sexta-feira (26), um incêndio em uma pousada na região central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, deixou ao menos dez mortos e 13 feridos. Ainda há pessoas desaparecidas no local. Durante a coletiva de imprensa sobre o caso, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), a prefeitura tinha 16 vagas na unidade para pessoas em situação de rua. Ainda não se sabe se todas as reservas estavam ocupadas na noite do acidente.

A Garoa, empresa que administra a unidade afetada, também atende a prefeitura com outras 22 pousadas. No total, são 320 vagas arrematadas pela empresa em certame público. Uma força-tarefa vai investigar o contrato com a empresa e vistoriar o estado todas as outras pousadas onde a prefeitura oferece vagas para pessoas em situação de rua.

Segundo a prefeitura, ainda não há informações sobre como o fogo teria começado. O Corpo de Bombeiros avalia que o fogo se alastrou rapidamente porque os quartos da pousada eram muito próximos. Isso teria feito com que, inclusive, pessoas que estavam no local fossem impedidas de sair.

No total, 15 pessoas foram atendidas pelos serviços de saúde. Oito seguem internadas, com duas em estado grave. Sete pessoas procuraram ajuda após inalarem fumaça, sendo que cinco já foram liberadas. O prédio está isolado e o local será fechado com tapumes para proteger a calçada sob a marquise do edifício.

A pousada fica entre as ruas Garibaldi e Barros Cassal, na Avenida Farrapos. O incêndio começou às 3h da manhã, tomando o prédio que conta com quatro pavimentos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a unidade afetada funcionava sem alvará e plano de prevenção contra incêndios.

A rede da Pousada Garoa tem quartos com camas de solteiro por R$ 550 ao mês. As unidades estão espalhadas pela capital gaúcha, com endereços nos bairros do Partenon, Nonoai, Santana, Cidade Baixa, Jardim Itu, dentre outros. Segundo seu site oficial, a rede opera há 13 anos.

Ao menos nove pessoas feridas foram resgatadas pelo Corpo de Bombeiros no incêndio. Segundo a Secretaria de Saúde, cinco delas estão internadas em estado grave. Ainda há pessoas desaparecidas no local.

Inicialmente, a Secretaria de Segurança informou que haviam sete feridos, todos internados em estado grave. No entanto, posteriormente, a informação foi corrigida pela Secretaria de Saúde, afirmando que nove pessoas foram resgatadas e estão internadas nas unidades Hospital de Pronto Socorro e Hospital Cristo Redentor.

Seis pacientes estão em tratamento no Hospital Pronto Socorro, quatro delas em estado grave: dois foram entubados, um por trauma e um por inalação de fumaça. No Hospital Cristo Redentor, estão os demais pacientes: um com 20% do corpo queimado, um com ferimento no tornozelo e outro ainda sem mais detalhes.

Mesmo sem alvará para funcionar como pousada, a hospedagem que pegou fogo na madrugada desta sexta-feira (26), em Porto Alegre (RS), é uma das unidades vinculadas à prefeitura para acolhimento de pessoas em situação de rua. No contrato entre as partes, renovado em dezembro do ano passado pelo prazo de 12 meses, é detalhado que a administração municipal destina mensalmente R$ 225.448,33 para a rede. Em um ano, a Pousada Garoa recebe mais de R$ 2,7 milhões em aluguel social.

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O contrato entre a prefeitura e a Pousada Garoa foi firmado inicialmente durante a pandemia, como medida de urgência para hospedagem de pessoas em situação de rua. O GLOBO procurou a Secretaria de Desenvolvimento Social (SMDS) de Porto Alegre para saber se eram realizadas inspeções regulares nas unidades da rede, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A pasta também não informou ainda quantas pessoas em vulnerabilidade moravam na unidade afetada.

Ao UOL, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), disse que vai analisar os documentos do convênio.

— A prefeitura vai aportar todos os documentos que tem na Fasc [órgão responsável pelos contratos] — disse.

Relatos obtidos pelo GLOBO apontam que moradores reclamavam das condições precárias da rede, que tem infiltrações e goteiras, além de ratos e baratas

Na prática, o projeto de acolhimento firmado pela prefeitura e as empresas oferece a oportunidade para que proprietários de imóveis aluguem espaços para pessoas que estão no sistema da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), com garantia de pagamento de aluguel social por parte do Executivo Municipal. Os contratos são válidos por um ano. Após fechar o prazo, a Fasc garante que o pagamento pode ser prorrogado por até mais dois anos, com verba da prefeitura.

Em 2022, uma outra unidade da Pousada Garoa também pegou fogo. Na época, um homem morreu e ao menos outras 10 pessoas ficaram feridas após o fogo consumir parte do edifício localizado na rua Jerônimo Coelho, no Centro Histórico.

Após o ocorrido, a SMDS e a Fasc lamentaram o incêndio na pousada, que também possui vagas para o acolhimento de pessoas em situação de rua. Segundo a pasta, a vítima fatal não era vinculada ao programa e, de acordo com a equipe técnica, o local estava com a documentação regular para atendimento.

Pelas redes sociais, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, afirmou que acompanha com “profunda tristeza” a apuração do incêndio.

“A prioridade agora é o atendimento aos cidadãos resgatados e encaminhados ao HPS. A prefeitura trabalha para acolher os moradores e apoiar a investigação dessa tragédia”, escreveu o político em sua conta no X (antigo Twitter).

Fonte: O Globo

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