Variantes da dengue dificultam combate à epidemia, alertam especialistas

BRA-dengue e chikungunya -  (crédito: Valdo Virgo)
BRA-dengue e chikungunya - (crédito: Valdo Virgo)

O aumento do número de casos de dengue no país acende uma luz vermelha sobre a doença que já está em estágio epidêmico. Nos dados mais atualizados da arbovirose divulgados pelo Ministério da Saúde, até a última segunda-feira (19/2), 653.656 casos prováveis de dengue foram registrados no Brasil, com uma taxa de incidência de 321,9 casos a cada 100 mil habitantes. Em comparação ao mesmo período de 2023, onde o número de casos prováveis era de 165.839, houve um aumento de cerca de 294%, quase o quádruplo do valor referente ao ano passado. O número de óbitos pela doença bateu a marca de 113 vítimas, e 438 casos estão em investigação.

Na análise da infectologista Naíra Bicudo, o grande aumento dos casos da doença em 2024 em relação ao ano anterior se dá pelo fato de muitas cidades terem concentrado a dengue sorotipo 1 em 2023. “Este ano estamos vivenciando o aumento do sorotipo 2 e em alguns lugares já há casos de dengue sorotipo 3”, complementa. Esse fato ocorre por existirem quatro sorotipos de dengue. Mesmo que a vítima tenha sido infectada por um deles, ela não produzirá anticorpos capazes de combater as outras três variantes existentes, aumentando os riscos de quem já teve dengue pegar novamente. “Além disso, essa pessoa tem uma chance um pouco maior de desenvolver dengue grave caso seja infectada no futuro por um sorotipo diferente”, acrescenta a médica.

“Dessa forma, a mudança no sorotipo que está em circulação permite que mais pessoas que nunca tiveram aquele sorotipo possam se infectar. Quanto maior o número de pessoas suscetíveis à doença, maior o número de pessoas que podem adoecer”, explica a especialista.

Entre as unidades federativas brasileiras, Minas Gerais lidera o ranking de casos prováveis com 218.066 ocorrências. Em seguida vêm São Paulo, com 111.470 casos, e o Distrito Federal, que acumula 79.287 casos prováveis de dengue. Já no coeficiente de incidência, o DF é o primeiro da lista, com 2.814,5 casos a cada 100 mil habitantes. Minas Gerais aponta em segundo, com 1.061,7, seguido do Acre, com 644,7.

Chikungunya

A chikungunya também ganha espaço entre as arboviroses. Segundo o Ministério da Saúde, 35.762 casos prováveis da doença foram notificados no país, um coeficiente de 17,6 casos a cada 100 mil habitantes. Sete óbitos já foram confirmados e outros 34 ainda estão em investigação.

A doença registrou uma queda nas últimas duas semanas epidemiológicas, mas o número de casos ainda se encontra elevado e preocupa especialistas. Na visão do infectologista do Hospital Anchieta Manuel Renato Retamozo Palacios, o aumento dos casos de chikungunya pode estar relacionado ao aumento da dengue. “Ambas as doenças são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. A presença desse vetor e as condições ambientais favoráveis (clima chuvoso e altas temperaturas) podem facilitar a transmissão de ambas as doenças simultaneamente”, complementa. Outro fator decisivo para o avanço é a falta de imunidade na população a ambos os vírus, que contribui para a cocirculação e aumento significativo dos casos.

“O grande perigo do aumento da chikungunya é a possibilidade de surtos e epidemias que podem causar grande morbidade com sintomas debilitantes como febre alta, dor articular intensa, fadiga e, em alguns casos, pode haver complicações graves”, alerta Palacios. A arbovirose pode levar a uma doença crônica, que se caracteriza por dores articulares, que afeta a qualidade de vida e capacidade de trabalho. “A cocirculação com outros vírus transmitidos pelo mesmo vetor, como a dengue e a zika, complica os esforços de prevenção e controle, exigindo uma abordagem integrada para o manejo desse tipo de infecção”, finaliza o infectologista.

As autoridades sanitárias reforçam a importância dos cuidados para o controle de proliferação do mosquito transmissor de dengue, chikungunya e zika. É importante adotar uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão, remover recipientes que possam se transformar em criadouros de mosquitos dos domicílios, vedar os reservatórios e caixas de água, desobstruir calhas, lajes e ralos.

*Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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Fonte: Correio Braziliense

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