Uso contínuo da Tropa pelos Estados preocupa Forças Armadas

NATAL RIO GRANDE DO NORTE RN 05/08/2016 ESPECIAL DOMINICAL METROPOLE - VIOLENCIA / ATAQUES - MATERIA SOBRE A SERIE DE ATAQUES DE BANDIDOS NA CIDADE NATAL. EXERCITO EM NATAL NA VIA COSTEIRA FOTO VLADEMIR ALEXANDRE / ESTADAO

Em 48h, Exército recebeu dois chamados para socorrer Estados, mas há queixas quanto à forma dos pedidos e à falta de reconhecimento. Quando se fala de Exército, normalmente se pensa no combate a um elemento externo. No entanto, mais e mais as tropas federais vêm sendo chamadas para ações “fora da normalidade”. Pior: a preocupação maior dos militares é que eles têm sido chamados para tudo, desde garantia da lei e da ordem, como durante a Rio-2016, passando pelo socorro à segurança no Rio Grande do Norte até a distribuição de água, comida, vacinas, atendimento cívico e social.

Na semana passada, em 48 horas, o Exército recebeu dois novos chamados de socorro. O primeiro, do Acre, a pedido do governador, diante da seca severa que atinge várias cidades. O segundo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pedido do governo do Rio, para que as Forças Armadas permaneçam nas ruas até novembro, depois das eleições. Nos dois casos, como em todos os outros, as tropas vão se preparar para atender ao pedido e executar o que eles chamam de “missão”. RN tem contado com auxílio federal desde o ano passado

Ao lado do Rio de Janeiro, o Rio Grande do Norte pode ser apontado como um Estado que vem usando as forças federais como “muletas” para garantir a segurança pública nas crises. Foi assim após a rebelião no sistema carcerário em 2015 – que, para a Justiça, terminou fortalecendo a facção Sindicato RN – e foi assim na semana passada.

Para o governador Robinson Faria (PSD), não havia opção. O Rio Grande do Norte tem taxa de 46 mortes para cada 100 mil habitantes, segundo as informações do Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública de 2015. É o terceiro Estado mais violento. “Fiz todo tipo de tratativas. Promovi policiais, equipei a polícia, dei aumento, mas acabamos descobrindo que os indicadores não estavam atendendo aos anseios do povo.” O diagnóstico, segundo ele, foi que a liberdade dos presidiários em se comunicar com o mundo fora dos muros era “a raiz do problema” de segurança nas ruas. E a decisão política, tomada no começo do ano, foi colocar bloqueadores nas cadeias. A ideia era ir para o embate com as facções criminosas – mesmo sem condições de vencer sozinho e ter de pedir ajuda.

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