Trump réu: juiz mantém promotora de caso sobre interferência eleitoral na Geórgia após conflito de interesse com namorado

Fani Willis, promotora do caso de interferência eleitoral na Geórgia, prestando depoimento sobre seu envolvimento com Wade
Fani Willis, promotora do caso de interferência eleitoral na Geórgia, prestando depoimento sobre seu envolvimento com Wade — Foto: Alyssa POINTER / POOL / AFP

O juiz responsável pelo caso de interferência eleitoral na Geórgia contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e 14 aliados decidiu, nesta sexta-feira, manter a promotora distrital Fani Willis a frente do processo, após a defesa denunciá-la por “conflito de interesses” depois que veio a público o seu romance com o advogado Nathan Wade, contratado por ela para integrar a equipe de acusação como promotor especial.

De acordo com o juiz Scott McAfee, do Tribunal Superior do condado de Fulton, em Atlanta, Willis poderia seguir a frente do processo contra Trump se Wade se afastar do caso — o que ocorreu poucas horas depois do anúncio da decisão.

A defesa havia pedido o afastamento total do gabinete de Willis, mas o juiz entendeu que não era necessário considerando que “uma opção menos drástica e suficientemente corretiva está disponível”. Em sua decisão, o magistrado concluiu que “o processo deste caso não pode prosseguir até que o Estado escolha uma de duas opções”: ou Willis e todo seu time se afastaria, incluindo Wade, ou apenas ele poderia deixar o processo, permitindo que o caso prossiga sem maiores distrações.

A solução foi considerada uma vitória parcial para os dois lados. Embora não tenha conseguido o afastamento de todo o gabinete, a ação conseguiu atrasar o andamento do processo e prejudicar a credibilidade da promotoria perante a opinião pública, possivelmente até com um futuro júri — fator importante num processo sob forte influência política e que corre em paralelo à corrida pela Casa Branca. Frequentemente, Trump afirma ser alvo de uma “caça às bruxas” para impedir que ele dispute contra o presidente Joe Biden.

Por outro lado, apesar do juiz ter criticado o ato de Willis, classificando-o como um “tremendo lapso de julgamento”, ela pôde continuar a frente da equipe de acusação em uma das ações criminais mais graves contra o republicano.

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No entanto, com o aumento dos atrasos, é improvável que o caso chegue a julgamento antes da eleição presidencial de 2024, em novembro, na qual a indicação de Trump como candidato republicano é dada como certa a esta altura das primárias.

O Senado da Geórgia, de maioria republicana, também está analisando as acusações de conflito de interesses. Os legisladores formaram uma nova comissão para supervisionar o caso com poderes para investigar e potencialmente remover os promotores futuramente.

A decisão do juiz McAfee acontece dois dias depois dele anular seis acusações no processo contra Trump e seus 14 co-réus, incluindo uma relacionada a uma ligação que Trump fez para pressionar o então secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, autoridade eleitoral no estado, a “encontrar votos” para mudar o resultado do pleito a seu favor. O republicano perdeu para Biden na Geórgia por apenas 12 mil votos.

O cerne da denúncia, no entanto, que inicialmente incluía 41 acusações, foi mantido: todos os réus continuam sendo investigados por racketeering (organização criminosa) sob a Lei de Organizações Influenciadas e Corruptas (ou Rico, na sigla em inglês). A legislação permite que a Justiça vincule vários crimes cometidos por pessoas diferentes, considerando que todos estavam agindo em conjunto para um objetivo criminoso comum.

Trump também enfrenta acusações federais por conspirar contra os resultados das eleições de novembro de 2020. O julgamento estava agendado para 4 de março, mas está em suspenso enquanto a Suprema Corte dos Estados Unidos decide se o magnata possui imunidade penal por ser ex-presidente. (Com New York Times).

Fonte: O Globo

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