Tragédia do RS entra para as maiores do Brasil: relembre principais desastres causados pelas chuvas

Cães presos no telhado de uma casa inundada esperam para ser resgatados em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul
Cães presos no telhado de uma casa inundada esperam para ser resgatados em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul — Foto: Anselmo Cunha / AFP

Com ao menos 100 mortes, a tragédia das chuvas e inundações no Rio Grande do Sul já entra para a lista de maiores catástrofes causadas por tempestades da história do Brasil. De acordo com o último boletim da Defesa Civil do estado, 100 pessoas morreram, mas há ainda o registro de 128 desaparecidos e estima-se que o temporal tenha atingido pelo menos 1,4 milhão de pessoas.

As autoridades locais ainda investigam se outras quatro mortes estão relacionadas com eventos meteorológicos. Ao todo, há 66.761 pessoas em abrigos, 163.720 desalojados, e 372 pessoas feridas socorridas. O estado ainda aguarda uma previsão de mais chuvas nos próximos dias e a redução do nível das águas em grande parte dos municípios, que seguem submersos.

O desastre, que tem mobilizado o país com doações e movimentações para resgatar famílias que seguem ilhadas, começou na última segunda-feira. As tempestades do início da semana colocaram em estado crítico os níveis dos rios e barragens de diversas regiões. Até o momento, 417 dos 497 municípios gaúchos foram afetados.

Uma semana após a primeira morte registrada, a inundação do Rio Grande do Sul já faz parte da lista de maiores tragédias causadas pelas chuvas no país. Relembre os principais desastres:

A maior tragédia relacionada a chuvas no Brasil ocorreu em janeiro de 2011, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Fortes temporais deixaram mais de 900 mortos em quatro cidades e pelo menos 35 mil desabrigados. As chuvas no alto dos morros provocaram escorregamento de encostas e até pedras rolaram sobre residências.

Considerada a maior catástrofe climática do país, a tragédia gerou mobilização nacional e causou a modernização de sistemas de defesa civil no Brasil, com aperfeiçoamento de mapeamento de riscos e criação de sistemas de alerta. Em 2019, a maior chuva em 22 anos na capital fluminense voltou a causar 10 mortes, com bairros submersos.

Até hoje, no entanto, não há um número consolidado de desaparecidos: o Ministério Público fala em 99 pessoas, mas os três municípios (Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis) mais afetados informam um total de 307.

Após vários dias de chuva forte em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, as encostas deslizaram na madrugada do dia 17 de março. A catástrofe, considerada a maior do estado de São Paulo, não tem um número oficial de mortes, mas elas são calculadas entre 450 e 500 vítimas. Antes da tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro, Caraguatatuba era a maior do Brasil.

Onze anos após ser uma das cidades atingidas pela maior catástrofe climática do país, Petrópolis foi marcada por uma segunda tragédia, a pior de sua história: 241 pessoas morreram e uma ficou desaparecida após a chuva de 15 de fevereiro. As enchentes e deslizamentos de terra ocorreram no fim da tarde e na noite, tomando as ruas. Foram 775 deslizamentos de terra em toda a cidade, além de diversas ruas alagadas. As áreas mais atingidas foram Alto da Serra, Morro da Oficina, Sargento Boening, Chácara Flora e Vila Felipe.

Em 1967, um deslizamento soterrou casas e prédios no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e causou a morte de cerca de 200 pessoas. No Estado, foram 300 mortes e 25 mil feridos no temporal.

As fortes chuvas provocaram o desabamento de uma casa e de dois edifícios, devido a um deslizamento de encosta, deixando os moradores soterrados. Áreas vizinhas, como Silvestre, Catumbi, Rio Comprido, Santa Teresa, Glória, Flamengo, Humaitá, Botafogo e parte de Copacabana também foram afetados pela cabeça d’água.

Uma casa cedeu à força das águas e provocou o desabamento dos dois prédios. O primeiro, com quatro andares e de 16 apartamentos na Rua General Cristóvão Barcelos, número 181, foi derrubado pelo deslizamento. Este edifício, por sua vez, provocou o desabamento do segundo, situado na Rua Belizário Távora, número 581.

Em 1966, uma grande cheia tomou conta do Recife, deixando diversas partes da cidade submersas devido ao transbordamento do rio Capibaribe. A cheia, considerada a maior tragédia causada pelas chuvas no estado de Pernambuco, matou 175 pessoas e deixou o nível da água em torno dos dois metros de altura em diversos bairros.

Em abril de 2010 chuvas intensas atingiram o município de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por mais de 24 horas e provocaram deslizamentos de terra. Pelo menos 168 pessoas morreram no estado, sendo ao menos 72 em Niterói. Dentre os falecimentos na cidade, 45 deles ocorreu no morro do Bumba, um antigo lixão aterrado e urbanizado.

Mais de 7 mil pessoas ficaram desabrigadas, tendo suas casas foram destruídas ou interditadas pela Defesa Civil. Houve também vítimas na capital, em São Gonçalo, Nilópolis, Engenheiro Paulo de Frontin, Petrópolis e Magé.

Em dezembro de 2008, uma forte chuva atingiu cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, provocando o que é considerada a maior tragédia do estado; ao todo. Ao todo, 60 municípios catarinenses foram fortemente atingidos, deixando 150 mortos e cerca de 80 mil desalojados, vítimas de enchentes ou soterramentos.

Em maio de 2022, 129 pessoas morreram e 9 mil ficaram desabrigadas devido a deslizamentos causados pelas chuvas que atingiram a região metropolitana de Recife e a zona da mata, em Pernambuco.

O governo de Pernambuco informou que, ao todo, 14 municípios decretaram situação de emergência: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Goiana, Jaboatão dos Guararapes, Macaparana, Moreno, Nazaré, Olinda, Paudalho, Paulista, Recife, São José da Coroa Grande, São Vicente Ferrer e Timbauba.

Com o maior volume de chuvas num único mês em 110 anos apenas em Belo Horizonte, Minas Gerais teve mais de 100 cidades em situação de emergência em janeiro de 2020, com mortes em municípios como Nova Lima, Tabuleiro e Sabará. No período chuvoso, que vai de outubro a março, houve recorde de mortes no estado, com 74 vítimas de deslizamentos, enxurradas e soterramentos entre 2019 e 2020. Entre as vítimas estavam crianças e bebês.

Nada menos do que 256 municípios declararam situação de emergência ou calamidade pública em decorrência de estragos – mais que o dobro do recorde anterior, registrado entre 2013 e 2014, quando 106 municípios tiveram de ser socorridos. Mais de 53 mil pessoas foram afetadas, incluindo desalojados, desabrigados e feridos.

No ano passado, 65 pessoas morreram no litoral norte de São Paulo, após fortes chuvas atingitem a região durante a madrugada. Deste total, 64 morreram no município de São Sebastião, em Barra do Sahy, Juquehy, Camburi e Boiçucanga. Em Ubatuba, uma menina de 7 anos morreu com deslizamento de uma pedra de 2 toneladas. Mais de 300 pessoas ficaram desalojadas e 400 desabrigadas.

Fonte: O Globo

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