Tiros, lanchas blindadas, submarino: tráfico de drogas gera confrontos nos rios da Amazônia; vídeo

Rios do Amazonas são disputados por traficantes e milicianos
Rios do Amazonas são disputados por traficantes e milicianos — Foto: Polícia Civil do Amazonas; Divulgação

Integrantes de milícias e das facções Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital utilizam barcos ou lanchas — até mesmo blindadas e adaptadas com armas pesadas para confronto contra policiais — nas principais rotas nos rios amazônicos para transporte de drogas e armas para outras regiões do Brasil e o exterior. No Pará, há duas semanas, pescadores encontraram um submarino em São Caetano de Odivelas, no Nordeste do estado.

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o caso, o segundo no Pará. Há suspeita de uso da embarcação para o tráfico de drogas. A primeira apreensão do tipo foi em 2015, perto do município de Vigia, onde um semissubmersível de 17 metros era construído em um igarapé no rio Guajará-Miri. O veículo tinha capacidade de transportar uma carga de 20 toneladas.

A fronteira do Amazonas com o Peru e a Colômbia — os dois maiores produtores de droga no mundo — torna inevitável que os entorpecentes passem pelo estado. Entre as rotas nos dez rios mais usados, a mais buscada é a que começa no Rio Solimões e vai até Barcarena (PA), onde está o grande porto brasileiro mais próximo dos Estados Unidos e da Europa. Em 2023, foram apreendidas 14,2 toneladas de entorpecentes em embarcações no Amazonas e outras 3,9 toneladas no Pará.

Quando descobertos, os traficantes podem recorrer ao confronto. Um vídeo gravado por policiais civis mostra agentes do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) trocando tiros com traficantes na Operação Ultimato, em agosto de 2023. Na ação, foram apreendidas cerca de duas toneladas de drogas, entre cocaína e maconha, sete fuzis calibre 556, munições, coletes balísticos e uma lancha, no Rio Solimões.

Além das organizações criminosas com atuação nacional, investigações têm identificado a participação de policiais e de outros servidores públicos do Amazonas no tráfico, direta ou indiretamente, por meio de acobertamento ou de extorsões. Coordenador do Gaeco Amazonas e promotor do Ministério Público, Igor Starling aponta que grupos paramilitares — tratados pelos investigadores como “narcomilícias” — apreendem cargas de droga das facções em abordagens. O material é posteriormente vendido ou devolvido após pagamento.

— Há fortes indícios do envolvimento de agentes públicos com a atividade conhecida como “piratas de rio” — afirma o promotor.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou em nota que tem aumentado o patrulhamento nos rios com apoio de lanchas blindadas e armamentos de grosso calibre, além de fiscalizações permanentes a partir das Bases Fluviais Arpão 1 e 2, Tiradentes e a Governador Paulo Pinto Nery.

Fonte: O Globo

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