The Town retoma atividades em Interlagos com Maroon 5, Ludmilla e Joss Stone

O cantor Adam Levine
O cantor Adam Levine — Foto: Pablo Jacob / Agencia O Globo

Dezessete meses após a última passagem por São Paulo e Porto Alegre, a banda Maroon 5 carimbou, mais uma vez, o passaporte para o Brasil, sendo responsável por encerrar, hoje, a primeira noite da segunda leva de atividades do The Town, festival irmão do Rock in Rio na capital paulista. O grupo — que se mantém firme no showbiz há duas décadas — coroará um dia de atividades que tem jeitão de danceteria e acumula boas oportunidades para balançar o corpo ao som de pop, funk, R&B e samba, para ficar somente em alguns exemplos.

Caso siga o modelo das últimas apresentações internacionais, o Maroon 5 deve usar as duas horas de apresentação para condensar os 20 anos de carreira em hits atômicos como “Moves like Jagger” e “Sugar”, além de canções que o ajudaram a alçar o estrelato, como “This love” e “Harder to breathe”, do saboroso álbum “Songs about Jane”, o primogênito e um dos mais elogiados do time.

Embora seja uma escolha segura para o festival (tanto que os ingressos demoraram a esgotar, mas já não há mais como comprar tíquetes para o dia de hoje), o grupo enfrenta uma maré de tempestades há alguns anos. Há poucos meses, o líder Adam Levine se envolveu numa rumorosa acusação de infidelidade matrimonial. Antes disso, o baixista Mickey Madden deixou a banda em meio a acusações de violência doméstica — e ainda houve a morte do empresário homenageado no álbum amplamente criticado “Jordi”, que afastou o grupo de suas raízes mais criativas.

O fiel público brasileiro, contudo, continuou aparecendo em todas as apresentações mesmo ao longo dos períodos cascudos. E repetirá a façanha mais uma vez. Não foi à toa que, em abril do ano passado, Levine deu uma bela razão para a assiduidade desses músicos californianos por aqui: “O Brasil é o nosso lugar favorito para tocar. Vocês são os melhores do mundo. Esse é o meu segredo”, disse ele.

Mais cedo, no mesmo palco Skyline, a única brasileira a se apresentar naquele espaço é Ludmilla, que preparou um show baseado em seu mais novo trabalho, o elogiado álbum “Vilã”. A apresentação se dá um ano após a artista sair ovacionada do palco Sunset, na última edição do Rock in Rio. Em São Paulo, a funkeira sobe ao palco numa apresentação com investimento de R$ 3 milhões e garante que terá um potente corpo de bailarinos sob a batuta da coreógrafa Nicole Kirkland, cuja ficha de colaborações inclui Prince, Chris Brown e a rapper Saweetie

Para o séquito de fãs que terá que chegar cedo para vê-la, a partir das 16h05, Ludmilla contará uma história em três atos, com espaço cativo para hits românticos e outros carregados na sensualidade, caso de “Sintomas de prazer”, que também faz parte da leva de novidades lançadas este ano. O plano da apresentação é justamente mostrar a versatilidade da cantora, sem deixar a sonoridade funk de lado.

— É um dia para dançar, bastante alegre, e com uma vertente de artistas que têm influência de música preta — diz Zé Ricardo, produtor musical e curador do The Town. — A própria Joss Stone fala de groove, de música preta. O Maroon 5 igualmente bebe nessa fonte

No Palco The One, a referência à musica preta se repete, diz Zé Ricardo. Neste espaço, cuja arquitetura faz uma homenagem às galerias de arte de São Paulo, quem abre os trabalhos é Maria Rita (às 15h), com uma apresentação que bebe nas raízes do samba e no jazz, conforme ela anunciou. Mais adiante, no mesmo espaço, assume os vocais a cantora, nascida no Benin, Angélique Kidjo (às 17h10), ganhadora de cinco prêmios Grammy. O hip-hop versado com jazz de Masego é esperado a partir das 19h20.

Fica responsável por fechar o dia naquela arena (às 21h45) o americano Ne-Yo, que marcou presença no cenário pop na primeira década dos anos 2000. Com sua leitura de R&B na faixa “So sick”, ele atingiu o topo das listas de canções mais ouvidas internacionalmente. Também é de sua leva criativa o hit “Irreplaceable”, de Beyoncé. Desta vez, contudo, ele faz as vezes de compositor, inspirado no divórcio da própria tia, a que assistiu de camarote na infância.

A poucos passos do The One, o palco Factory — inspirado em música urbana —, embora preveja uma plateia menor em sua configuração, foi um sucesso de público. O lugar foi capaz de acumular um séquito de fãs de trap e pop que se acumulavam pra ver um pedacinho do palco, mesmo embaixo de chuva ou calorão. Hoje, fará uma passagem pelo pedaço a cantora, compositora e apresentadora Larissa Luz, cujo destaque no musical “Elza” lhe rendeu um prêmio Bibi Ferreira na categoria “melhor atriz em musicais”. No The Town, para o qual ela se diz “muito animada”, Larissa focará a apresentação — que começa às 20h20— justamente em sua trajetória pessoal.

— Preparei um show que perpassa minha história, frisando momentos importantes, como a presença de Elza e canções do disco “Território conquistado”, que foi indicado ao Grammy Latino — orgulha-se. —Passeio por minhas referências musicais, citando artistas que vão de Kendrick Lamar à (banda baiana) Os Tincoãs. Trago minha espiritualidade, descobertas, libertações, minha relação com o amor, com a luta, com o movimento, É a minha história, mas sei que é a história de muita gente também.

Outra voz feminina forte que dará as caras no festival, mas no palco Skyline às 18h15, é Joss Stone, que acumula mais de duas dezenas de visitas ao país. A mais recente delas, inclusive, neste 2023, para apresentar a turnê “20 Years of soul”, que marca seu début em carreira internacional com apenas 16 anos. A chegada em um evento realizado pelo clã Medina, inclusive, tem um quê de retorno triunfal: a moça era atração confirmadíssima no Rock in Rio no ano passado, mas contou que seu empresário cancelou a apresentação sem consentimento. Este ano, ela foi convocada para substituir o ex-One Direction Liam Payne, que teve problemas de saúde e anunciou que não faria mais parte da atração.

Numa distante colina do mesmíssimo Autódromo de Interlagos, o palco New Dance Order, dedicado às atividades eletrônicas, encerrará a noite com a presença dos realizadores de uma festa paulistana com mais de dez anos de rodagem, a Gop Tun (sim, escreve-se desse jeito). A atividade começa às 23h15 e se estenderá até as 2h. Nos gigantes telões que formam a cenografia, será apresentada uma instalação visual desenvolvida pelo estúdio criativo Sala28.

— Temos uma ampla pesquisa que busca puxar as raízes de músicas que as pessoas conheçam. Uma das referências do nosso trabalho que podemos citar são os The Chemical Brothers — afirma Caio Taborda, um dos DJs do coletivo.

Por falar em duo de DJs, há ainda uma atração a se citar no palco Skyline: a dupla The Chainsmokers, que (entre outros trabalhos) foi colaboradora do Coldplay na faixa “Someting just like this” e de Halsey em “Closer”. O duo assume o batente por volta das 20h25 e antecede a apresentação final, do Maroon 5.

Após as atividades desta quinta, o festival faz uma pausa na sexta-feira e só retoma os trabalhos sábado e domingo, para assim encerrar de vez sua primeira temporada. A pausa é motivada pelo esquema de transporte inédito inaugurado pelo evento, cujo escopo contou com funcionamento ininterrupto das linhas de metrô e trem nos dias de atividade em Interlagos. Com a sombra de um dia útil nos arredores do festival, fica difícil imaginar o impacto causado pelo fluxo de trabalhadores da cidade combinado com o público diário do The Town, estimado em cem mil pessoas.

Este final de semana, inclusive, funcionará como um teste de fogo para a organização, que terá a chance de remediar problemas como as longas filas para a entrada em Interlagos, o que irritou (e muito) o público de fãs na semana passada. É hora de acelerar. (Mariana Rosário)

Fonte: O Globo

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