Tempestade rara traz umidade da África para a costa gaúcha; entenda

Tempestade rara traz umidade da África para o Sul do Brasil
Tempestade rara traz umidade da África para o Sul do Brasil — Foto: Reprodução

O ciclone atípico Akará permaneceu durante esta terça-feira (20) atuando no Oceano Atlântico a Leste do Rio Grande do Sul. Considerado inofensivo, de acordo com o MetSul Meteorologia, o fenômeno podia ser identificado nas imagens de satélite como uma grande espiral de nuvens sobre o mar na costa gaúcha. Embora não cause impactos relevantes, o sistema tem sido causa de curiosidades meteorológicas, visto que, em evento raro, a umidade que chega ao Sul do Brasil tem vindo do continente africano.

Segundo o MetSul, a umidade (água precipitável ou vapor de água) que alimentou a formação da tempestade não veio da Amazônia — local tradicional que alimenta os sistemas de chuva que atuam junto ao Sul do Brasil —, mas do outro lado do Atlântico, da África.

As imagens de água precipitável da América do Sul neste ciclone Akará, monitorado pela Universidade de Wisconsin, mostram que a umidade tropical que alimentou a formação do fenômeno na costa percorreu o caminho incomum no litoral brasileiro, a partir do Nordeste, originando-se da Zona de Convergência Intertropical e da África, com uma faixa de instabilidade em torno da linha do equador.

No início da semana, a Marinha do Brasil mantinha na última atualização o sistema como uma tempestade tropical com vento sustentado ao redor de 70 km/h a Sudoeste do sistema. A análise da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), entretanto, indicava um rápido enfraquecimento do sistema, conforme explicado pelo MetSul.

O boletim da NOAA destacava que o “sistema era muito fraco para ser classificado” como tempestade tropical devido à ausência de convecção, ou seja, nuvens mais carregadas em torno do seu centro.

Ainda segundo o MetSul, são raros neste século os episódios de tempestades tropicais na costa do Brasil. Houve apenas quatro eventos. Uma delas foi o furacão Catarina, em 2004, que antes passou pelo estágio de tempestade tropical.

O Instinto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para chuvas intensas que podem acontecer em boa parte do território nacional nesta quarta-feira. As regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul devem ser as mais impactadas pelos fenômenos. Além disso, a tempestade tropical Akará, que foi classificada pela Marinha do Brasil como a evolução de uma ciclone subtropical na costa Sul do país, também pode afetar o clima.

No Rio de Janeiro e São Paulo, a previsão é de pancadas de chuva para estar quarta-feira. No RJ, os termômetros devem ficar entre 32°C e 22°C, enquanto em SP não devem superar os 25°C.

O último boletim emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgado nesta terça-feira (20), indica risco alto para deslizamento de terra, inundações e outras ocorrências hidrológicas em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Há um ano, 64 pessoas morreram em deslizamentos no município. A maioria delas estava na Vila Sahy.

A Defesa Civil recomendou atenção em áreas mais vulneráveis. “Essas precipitações estão sendo influenciadas pela tempestade tropical Akará, que mesmo estando em alto mar na altura da Região Sul do Brasil, está influenciado o regime de chuva no estado, principalmente na faixa litorânea”, diz o texto do comunicado.

Em Salvador, onde há um alerta de cor laranja, a previsão aponta que a quarta-feira será impactada pelas pancadas de chuva isoladas e trovoadas. As temperaturas devem oscilar entre 31°C e 25°C. Curitiba pode ter o mesmo padrão climático, no entanto, a máxima será de 23°C e mínima de 17°C.

As intensas chuvas que atingem a Bahia desde o último fim de semana deixaram pelo menos seis pessoas mortas e 3.700 alojados em todo o estado, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec). A situação afeta 44 municípios, sendo 30 deles em estado de emergência, incluindo Ilhéus, Itororó, Santa Luzia e Feira de Santana, que enfrentam alagamentos. Além dos desalojados, cerca de 200 pessoas estão desabrigadas após perderem seus imóveis.

Fonte: O Globo

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