Temperatura recorde em SP lota piscinas e faz prefeitura acionar operação especial

De sábado para domingo, as tendas da prefeitura fizeram 44,5 mil atendimentos
De sábado para domingo, as tendas da prefeitura fizeram 44,5 mil atendimentos — Foto: Divulgação

Com os termômetros marcando máxima de 34,7°C, a cidade de São Paulo experimentou o dia mais quente do ano neste sábado, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essa marca também representa a temperatura mais alta para o mês de março desde o início da série histórica, em 1943.

Neste domingo, o calor não deu trégua, e os paulistanos recorreram a piscinas e parques para se refrescar. Ao meio-dia, a piscina do Sesc Belenzinho já havia atingido a sua capacidade máxima, enquanto a do Sesc 24 de Maio estava forrada de banhistas. Segundo a prefeitura de São Paulo, as piscinas dos 45 Centros Educacionais Unificados (CEUs) receberam mais de 23 mil pessoas no sábado e no domingo.

O clima quente tem sido um prato cheio para os bares. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) calcula uma alta de 25 a 30% no faturamento desse tipo de estabelecimento comercial de sexta (15) a domingo (17), na comparação com o mesmo período da semana anterior.

— A onda de calor tem impulsionado o faturamento de bares e restaurantes. Nesse clima quente, muitos clientes optam por reunir familiares e amigos em ambientes ao ar livre ou com sistema de ar-condicionado. Não foram poucos os bares que, de olho neste período de alta temperatura, adotaram em seus cardápios drinks mais refrescantes, alcoólicos e não alcoólicos. Petiscos, no lugar de um almoço ou jantar pesado, também têm sido uma aposta, assim como sistemas mais modernos de ar-condicionado, para garantir conforto aos clientes —diz Édson Pinto, diretor-executivo da federação.

Nem todos, porém, puderam colher bons resultados nos dois dias ensolarados na capital paulista. Na movimentada rua 25 de Março, conhecida como o maior centro popular de compras da América Latina, o calor assumiu contornos dramáticos devido à falta de energia elétrica, que afetou parte dos estabelecimentos comerciais neste fim de semana.

O lojista Flavio Cazarine, de 44 anos, ficou sem luz em uma de suas lojas de produtos eletrônicos que fica próxima ao Shopping 25, no coração da via. Ele conta que a falta de ar-condicionado afastou clientes e prejudicou o funcionamento da loja, causando inclusive prejuízos financeiros.

— Com a falta de energia, não tivemos como utilizar o ar-condicionado, e alguns clientes e funcionários passaram mal em razão do calor enorme na loja. Muitos colaboradores que trouxeram suas alimentações não puderam consumir devido à falta de funcionamento do refrigerador e à impossibilidade de utilizar o micro-ondas. Funcionamos de forma improvisada, com algumas lâmpadas recarregáveis de LED e ventiladores portáteis, mas houve um grande prejuízo financeiro, uma queda de quase 50% do faturamento esperado para os dois dias— diz ele.

Claudia Urias, diretora-executiva da Univinco25, diz que a falta de energia tem sido uma constante na região, o que tem causado “sérios transtornos e prejuízos incalculáveis” para os comerciantes e moradores locais. Procurada, a Enel não respondeu até o fechamento da reportagem.

Também houve relatos de problemas com o ar-condicionado no Aeroporto de Congonhas. Pelo “X” (antigo Twitter), passageiros reclamaram de calor no início do dia e à tarde. Na sexta-feira, uma queda de energia paralisou todas as operações de pousos e decolagens durante pouco mais de uma hora.

A Aena, concessionária responsável pelo terminal, afirmou que o sistema de condicionamento, exaustão e renovação de ar do terminal de passageiros está funcionando normalmente, embora seja antigo e registre problemas históricos de manutenção.

“O sistema da Ala Norte, por exemplo, que serve a toda área do check-in, possui equipamentos com mais de 60 anos e escassez de peças de reposição no mercado A Aena tem um projeto de adequação do sistema que já está em andamento e deve ser finalizado até julho deste ano”, afirmou a concessionária.

Com o intuito de mitigar os efeitos das altas temperaturas na saúde da população, a prefeitura de São Paulo criou, em setembro do ano passado, a Operação Altas Temperaturas (OAT), um plano de contingência que é acionado sempre que os termômetros da capital paulista atingem 32º C ou sensação térmica equivalente.

A operação envolve a instalação de dez tendas em locais estratégicos da cidade: Guaianases, Itaquera, Lapa, Mooca, Marechal Deodoro, República, Santana, Santo Amaro, Socorro e Vila Maria. Além de servirem como refúgio do calor intenso, essas estruturas fornecem frutas frescas, água e outros líquidos gelados para garantir a hidratação adequada dos cidadãos. Segundo a administração municipal, há prioridade para o atendimento de pessoas mais suscetíveis aos efeitos adversos do calor, como os sem-teto e os idosos.

As tendas situadas nas regiões da República e da Marechal Deodoro dispõem cada uma de uma ambulância, que fica à disposição para prestar socorro médico não apenas nessas unidades, mas nas outras oito, caso necessário. Segundo informações da gestão municipal, neste domingo, 242 pessoas foram socorridas por sintomas decorrentes do calor no fim de semana.

De sábado para domingo, as tendas da prefeitura fizeram 44,5 mil atendimentos — sendo 25,3 mil ontem e 19,1 mil hoje. A maior demanda foi em Santo Amaro, na Zona Sul. Neste domingo, foram distribuídos mais de 16 mil copos e garrafas de água. Além disso, aproximadamente 2,8 mil litros de água foram consumidos dos bebedouros da Sabesp, instalados nas tendas para consumo livre de água, inclusive para animais de estimação. Adicionalmente, foram distribuídas 14 mil maçãs e 945 caixas de sucos, segundo a prefeitura.

Em setembro do ano passado, a prefeitura publicou uma portaria que autoriza o repasse de R$ 30 mil para serviços relacionados à Operação Altas Temperaturas. Esse dinheiro pode ser usado para comprar itens como ventiladores, bebedouros e alimentos adequados para os dias quentes, como frutas e legumes. Segundo a gestão municipal, 91% dos ônibus possuem ar-condicionado. A meta é ter o equipamento em toda frota até o ano que vem.

Fonte: O Globo

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