Temos que correr atrás do gás de Vaca Muerta, diz Alckmin

Geraldo Alckmin
Geraldo Alckmin (foto) afirmou que o Brasil precisa intensificar as conversas com a Argentina para compra de gás onshore

O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse nesta 2ª feira (22.abr.2024) que o Brasil precisa concentrar esforços para negociar com a Argentina a compra de gás natural produzido no campo de Vaca Muerta.

Em cerimônia na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em Brasília, afirmou que o país tem priorizado investimentos para aumentar sua produção de gás natural e ofertar o insumo a um preço mais barato, mas que a alta concentração em alto mar encarece o gás brasileiro.

O gás natural que chega a um preço mais competitivo no Brasil vem da Bolívia através do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), mas Alckmin manifestou preocupação com a queda da produtividade do país andino.

Segundo o vice-presidente, o gasoduto opera com 46% de sua capacidade e a tendência é que a quantidade de gás boliviano que chega ao Brasil caia nos próximos anos. Dessa forma, a melhor alternativa para trazer gás terrestre (mais barato) ao Brasil seria da Argentina.

Alckmin afirmou que o preço do gás natural comercializado pela Petrobras varia de US$ 8 a US$ 11 por milhão de BTUs, medida que equivale 26,8 m³ (metros cúbicos). O gás de Vaca Muerta seria comercializado a cerca de US$ 3 por milhão de BTU.

“Nós temos que correr atrás de Vaca Muerta, porque lá o gás é onshore [em terra], vai custar US$ 3 [por milhão de BTU] e aproveitar o gasoduto e inverter a lógica dele, porque já existe Gasbol da Bolívia para a Argentina, só que o gás da Bolívia está acabando”, declarou.

Vaca Muerta é considerada a 2ª maior reserva não convencional do mundo. É uma formação geológica rica em gás e óleo de xisto. O xisto é um tipo de rocha metamórfica que tem um aspecto folheado e pode abrigar gás e óleo em frestas.  Para extrair gás desse tipo de local há um processo considerado muito danoso ao meio ambiente, porque é necessário quebrar o solo, em um sistema conhecido em inglês como “fracking”, derivado de “hydraulic fracturing”

A possibilidade de importar gás argentino já vinha sendo cogitada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ideia inicial, porém, era financiar com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma extensão do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner, inaugurado no ano passado pelo governo da Argentina. 

O gasoduto leva o gás da Vaca Muerta, no oeste do país, até a província de Buenos Aires. Um 2º trecho deve ser construído para levá-lo até a província de Santa Fé, no norte do país, de onde seria possível construir ramais visando a importação para o Brasil e o Chile.

Lula chegou a prometer o financiamento do 2º trecho ao então presidente argentino, Alberto Fernández, em janeiro de 2023. Mesmo antes de o petista confirmar a decisão do Brasil, porém, o governo da Argentina já havia se antecipado em 2022, depois da eleição de Lula, dizendo que receberia dinheiro brasileiro para o gasoduto.

Em 26 de junho de 2023, Lula voltou a falar do projeto e disse que estava “muito satisfeito” com a perspectiva “positiva” de o BNDES financiar a obra. As conversas sobre o financiamento foram deixadas depois da posse do atual presidente da Argentina, Javier Milei. Desde então, o governo brasileiro busca outras alternativas para trazer o gás argentino.

Em abril deste ano, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, afirmou haver um “alinhamento de interesses” com o Brasil sobre a importação de gás de xisto produzido na reserva argentina de Vaca Muerta.

Fonte: Poder360

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