Tartaruga gigante de 40 mil anos pode ter convivido com primeiros habitantes da Amazônia, aponta pesquisa

Maturin: tartaruga gigante pode ter convivido com primeiros humanos habitantes da Amazônia
Maturin: tartaruga gigante pode ter convivido com primeiros humanos habitantes da Amazônia — Foto: Reprodução

A tartaruga gigante que habitou a Amazônia entre 40 e 9 mil atrás pode ter convivido com os primeiros humanos a pisarem na região, segundo pesquisadores da Universidade de Tübingen, na Alemanha. O Peltocephalus maturin, que tinha uma carapaça de 1,80 m, é um dos maiores espécimes do tipo já encontradas entre esses animais.

A possibilidade desse animal ter cruzado com Homo sapiens se dá por uma questão temporal. O intervalo de tempo no qual a tartaruga-gigante pode ter vivido inclui o período da chegada dos primeiros humanos na região, há cerca de 12, 6 mil anos. No entanto, para confirmar isso seriam necessárias novas evidências:

— Evidência direta para isso seria, por exemplo, encontrar restos humanos juntos de restos dessa tartaruga-gigante — explica o pesquisador Gabriel Ferreira, um dos nomes envolvidos no estudo que identificou a nova espécie — Até agora só foram encontrados tartarugas de tamanho normal, mas esses sítios conhecidos são bem poucos e não tão antigos. Ainda tem espaço para essa possibilidade.

Em julho do ano passado, ossos de preguiça-gigante perfurados e polidos por mãos humanas foram encontrados por arqueólogos em Santa Elina, no Mato Grosso. Se restos destas tartarugas-gigantes forem descobertos em condições semelhantes, seria outra evidência da coexistência destes animais com os humanos, segundo Ferreira.

— Temos evidências em vários outros lugares, principalmente em ilhas, que tinham tartarugas-gigantes. Quando humanos chegam, elas são uns dos primeiros bichos a serem extintos. Mas para essa tartaruga (o Peltocephalus maturin) não temos evidência direta nenhuma

Os fósseis que basearam a pesquisa foram encontrados na pedreira Taquaras, em Porto Velho (RO). Partes do que foi identificado como a mandíbula inferior Peltocephalus maturin chamaram a atenção de um garimpeiro, que recolheu a peça. Após mantê-la por um tempo em sua casa, ele levou os restos da tartaruga para o Museu da Memória Rondoniense, onde acabou nas mãos de uma pesquisadora e coautora do artigo.

Ainda segundo Ferreira, o Peltocephalus maturin guarda semelhanças com tartarugas contemporâneas.

— A gente nunca consegue determinar que uma espécie extinta foi antepassada de outra recente. Mas a gente pode dizer que elas são proximamente relacionadas. No caso dessa nova tartaruga, ela é mais proximamente relacionada à tartaruga-de-cabeça-grande-do-amazonas.

Fonte: O Globo

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