Deibson Cabral do Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, que ficaram 51 dias foragidos do presídio federal de Mossoró (RN), voltaram à unidade prisional no dia 5 de abril e já leram quatro livros cada um.
As leituras dos protagonistas da fuga histórica de uma unidade prisional federal envolvem romance, suspense policial e até bastidores da política brasileira.
Dentre os livros lidos por Deibson está “A Trapaça”, escrita pelo jornalista Luís Costa Pinto, responsável pela entrevista bombástica de Pedro Collor, irmão do então presidente da República Fernando Collor. A entrevista acabou dando mais combustível para a queda do chefe do Executivo, que sofreu um impeachment meses depois.
Deibson também leu “A Garota Inglesa”, de Daniel Silva, um livro de ficção sobre o sequestro de uma funcionária do governo britânico que é amante do primeiro-ministro. O detento também leu o suspense “Win”, de Harlan Coben, e “Gigantes do Xadrez Agressivo”, de Neil McDonald, que reúne e analisa os métodos de cinco enxadristas, “estilo que é uma mistura potente de dinamismo, preparação e psicologia e que visa deixar o adversário sob constante pressão”, segundo sinopse.
Já Rogério leu o suspense policial “Alerta Final”, de Lee Child, que tem como protagonista um ex-investigador do exército americano. A história já virou série e até dois filmes protagonizados por Tom Cruise. Ele leu, ainda, “O Caso Rembrandt”, outra ficção policial de Daniel Silva; “12 heróis”, obra de Doug Stanton também do gênero policial; e “A Origem do Cristianismo”, do filósofo Karl Kautsky, teórico marxista.
No âmbito do projeto de remição pela leitura, Deibson leu em novembro do ano passado o livro “A Cabana”, de William P. Young, e está lendo “1808”, obra de Laurentino Gomes que traz uma outra perspectiva com fatos históricos sobre a vinda da família real portuguesa ao Brasil. Já Rogério está lendo “Uma Carta de Amor”, romance de Nicholas Sparks, o mesmo autor de Diário de Uma Paixão e Um Amor para Recordar. As informações sobre as leituras dos detentos foram obtidas pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação.
Deibson e Rogério são naturais do Acre e fugiram do presídio de Mossoró no dia 14 de fevereiro. Eles estavam na unidade desde novembro do ano passado. Os dois são egressos do Comando Vermelho do Acre. Inquérito da Polícia Federal apontou que os dois receberam ajuda de uma rede de apoio mobilizada pela facção criminosa. A dupla atravessou três estados e foi encontrada na cidade de Marabá (PA), que fica a 1.600 quilômetros de Mossoró.
Para fugir, eles abriram um buraco no local onde ficava a luminária e escalaram até a parte superior da unidade. De lá, foram ao terraço onde os presos tomam banho e sol, que passava por uma obra e estava cercada por um tapume. Nesta área da obra, os dois pegaram ferramentas e as utilizaram para cortar as cercas do presídio e fugir.
Fonte: O Globo