Submarino do Titanic: como estão e o que dizem os familiares das vítimas do Titan um ano depois de implosão?

Tripulantes do submarino desaparecido em expedição ao Titanic
Tripulantes do submarino desaparecido em expedição ao Titanic — Foto: Reprodução

Há um ano, o submarino Titan, da empresa americana OceanGate, implodia durante sua descida ao naufrágio do Titanic, a milhares de metros de profundidade, no meio do Atlântico Norte. Ao jornal britânico The Times, neste domingo, Sidonie Nargeolet, filha do mergulhador francês Paul Henri-Nargeolet, disse ter chorado por 10 minutos ao receber a notícia do desaparecimento do submarino e afirmou que o pai morreu fazendo o que gostava:

“Francamente, ele não previu nada. Ele devia estar muito feliz. A coisa favorita dele era o Titanic, e ele deve ter tido uma morte muito boa. Ele morreu saudável, com sua mente intacta e vivendo sua paixão”. Acho lindo o que ele fez”, disse ao jornal britânico.

Ela, no entanto, lamentou não ter sido procurada pela OceanGate após a confirmação das mortes. De acordo com Sidonie, a falta de comunicação da empresa com os familiares das vítimas foi uma orientação de advogados. “Isso não é normal. O mínimo que eles poderiam fazer é oferecer suas condolências”, disse ela ao jornal britânico.

Ao relatar como foram os dias até a confirmação de que o submersível havia implodido nas profundezas do mar, Sidonie Nargeolet disse que um grupo de Whatsapp foi criado pela OceanGate para facilitar a comunicação com os familiares, enquanto as buscas seguiam.

“Christine Dawood e Linda Harding conversaram bastante, elas enviaram belas mensagens de esperança: ‘Nós vamos encontrá-los'”, lembrou Nargeolet ao se referir às viúvas de Shahzada Dawood e Hamish Harding. Christine Dawood também era mãe de Suleman, outra vítima da implosão, que viajava com o pai no Titan.

Ao The Times, Sidonie disse ainda estar furiosa com Stockton Rush, dono da OceanGate e uma das cinco vitimas da implosão. “É melhor que ele não esteja mais por aqui. Teria sido um inferno para ele estar vivo com o que aconteceu”, disse.

Semanas após a implosão, os familiares das vítimas foram informados de que restos humanos foram recuperados dos destroços, e, em dezembro, um teste de DNA confirmou que o material era das cinco vítimas. “Devem ser pequenos pedaços de tecido, prefiro não imaginar”, disse Sidonie. Ela, no entanto, guarda um item resgatado dos destroços do navio. Trata-se de um copo de plástico, comprimido pela pressão do oceano, com as iniciais de Paul Henri-Nargeolet:

“É importante para mim porque estava como o meu pai (…) Eu quero saber o que aconteceu. Mas de qualquer forma, meu papai não voltará”, disse a mulher.

Em março, Sidonie Nargeolet, filha do francês Paul Henri-Nargeolet, já havia dito a uma agência de notícias acreditar que as viagens ao naufrágio do Titanic deveriam continuar.

— Eles têm que fazer isso. Acho que é bom que as pessoas entrem no submersível e é bom levar artefatos do Titanic, mas não apenas para brincar com a segurança, com a vida das pessoas.

Ela não foi a única a se pronunciar recentemente sobre o caso. No início desse mês, Christine Dawood, viúva de Shahzada Dawood e mãe Suleman, publicou em suas redes sociais uma mensagem sobre a data: “Quando as pessoas passam, levam consigo um pedaço de você”.

“À medida que o aniversário de um ano se aproxima, estou refletindo sobre uma época que quase me quebrou, e ainda assim o amor e o apoio que recebi foram, e ainda são, tão grandes que não consigo sentir nada além de ser grata”, continuou.

“Sinto falta deles todos os dias, todas as horas, todos os minutos, eles nunca serão substituídos. Com estas velas, gostaria de enviar a sua luz a qualquer pessoa que esteja aberta o suficiente para recebê-la. Gostaria de agradecer a todos pelo amor e pelas orações. Eu os senti e eles ajudaram. Acenda uma vela pelas pessoas desaparecidas em sua vida e envie sua luz ao mundo”, finalizou.

Familiares do americano Stockton Rush e do inglês Hamish Harding, as outras duas vítimas da implosão, não se manifestaram nas redes sociais ou na imprensa nos últimos meses sobre o tema. O Action Group, grupo de investimento de capital privado fundado por Harding em 2002 e sediado em Dubai, onde ele morava com a família, segue funcionando. O grupo tem empresas voltadas para a aviação e o setor imobiliário. O britânico era casado com Linda Harding e pai de duas crianças, Rory e Giles.

A OceanGate, que pertencia a Stockton Rush, suspendeu suas operações e é alvo de uma investigação da Guarda Costeira americana sobre o caso, ainda sem previsão para ser concluída. A mulher de Stockton Rush, Wendy, já havia participado de expedições do Titan no passado e se apresentava nas redes como diretora de comunicações da empresa.

O acidente aconteceu em 18 de junho do ano passado, quando o submarino perdeu contato com sua base de controle, cerca de uma hora e 45 minutos após mergulhar rumo aos destroços do Titanic, na costa de Newfoundland, no Canadá.

Sua tripulação morreu durante uma implosão, causada pela força da pressão na estrutura do submersível ao atingir uma profundidade de 3,8 km. Cerca de 80 horas após o desaparecimento, quando a reserva de oxigênio do veículo já estaria no final, foi anunciada a descoberta dos destroços. Quatro meses após a tragédia, em outubro, oficiais da guarda costeira revelaram que haviam recuperado restos mortais humanos no local.

Além de Shahzada e Suleman, outros que morreram na expedição incluíram Hamish Harding, o explorador francês Paul-Henri Nargeole e Stockton Rush, CEO da Ocean Gate, empresa que organizou a viagem.

O Titanic, operado pela White Star Line, afundou em sua viagem inaugural pelo Oceano Atlântico em 1912, após colidir com um iceberg. Mais de 1.500 pessoas morreram. O famoso naufrágio fica a 3.800 m no fundo do Atlântico. Os restos do maior navio da sua época ficam a cerca de 600 km da costa de Newfoundland, no Canadá.

Fonte: O Globo

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.