Após o falecimento de Mariane Silva Torres, de 26 anos, a família e os amigos da jovem acusam de negligência a UPA Centro-Sul, em Belo Horizonte. Marcado para este sábado, o grupo organiza também um protesto na frente da unidade de saúde, onde ela foi atendida. Ao dar entrada no local, em uma cadeira de rodas, na terça-feira, Mariane se queixava de não sentir as pernas e, segundo os amigos, gritava de dores.
Ainda de acordo com quem a acompanhava na ocasião, ela teria passado pela triagem no local e recebido uma pulseira que não indicava prioridade necessária ao caso. Após cinco horas sem atendimento, Mariane teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Descrita pelos amigos como uma pessoa apaixonada pela vida, Mariane trabalhou como recepcionista em um estúdio de tatuagens, na capital mineira, e tinha como sonho ajudar os familiares. Nascida em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha (MG), a jovem deixou a casa dos pais aos 17 anos para começar a trabalhar em Belo Horizonte.
Em entrevista ao GLOBO, João Cláudio Leite Coelho, 25, disse que gostaria de ter tido mais tempo com a namorada, que segundo ele, era querida por todos.
— Mari para mim era amor, uma menina que se colocava no lugar dos outros, pensava nos outros antes dela, tinha o coração puro, era muito simples, tudo para ela estava bom, não queria incomodar ninguém. A menina mais animada que conheci. Uma pessoa realmente humana, se dava bem com todas as crianças e tinha o sonho de ser mãe. Ela era muito guerreira e corajosa, muito independente, onde tinha trabalho ela ia sem medo, e vivia intensamente o agora. Adorava festas, cachoeiras, divertir com os amigos, tomar uma cervejinha, comer azeitona e tinha o sonho de nadar no mar. Ela era a alegria em pessoa, contagiava todo mundo. Só queria ter tido mais tempo com ela —, contou João ao GLOBO.
Já a amiga Sarah Valladares explicou que não pode estar presente nas celebrações após a morte, pois não está no Brasil, mas lembra com carinho de Mariane, que conheceu quando ela começou a trabalhar no estúdio de tatuagem de um ex-namorado.
— Me recordo bem que o motivo pelo qual ela foi contratada foi a história de vida dela, que sempre foi de muita luta. Mariane saiu de casa muito nova para trabalhar, pois ela morava no Vale do Jequitinhonha, uma região de Minas Gerais, que é muito humilde. A Mari amava dançar, amava a música eletrônica, amava ficar feliz. Ela era uma pessoa que amava viver feliz, e a energia dela era algo que contagiava todo mundo que estivesse ao seu redor. Eu desconheci uma pessoa que não gostasse de Mariane. Ela tinha um jeito único, era encantadora, generosa, carinhosa com todo mundo, atenciosa e muito batalhadora —, contou Sarah.
Eduarda Svizzero Silva, que intermediou o contato da reportagem com os outros amigos da jovem, contou que Mariane havia recebido uma proposta de trabalho no dia em que faleceu.
Um dos melhores corações que eu já vi na minha vida. Desde o dia que eu a conheci, ela nunca mais soltou a minha mão. Todo lugar que ela ia, todo rolê que ela fazia, qualquer coisa ela me chamava. Nunca teve corpo molho para trabalhar, o que viesse, ela estava ali disposta a fazer, sabe? Inclusive, no dia em que faleceu, ela recebeu proposta de emprego de outra amiga minha, que até me ligou perguntando onde ela estava, avisando que eles tinham conseguido um serviço —, relembrou Eduarda.
Em seu perfil no Instagram, ela compartilhava com seus seguidores detalhes de sua vida, com destaque para registros em cachoeiras e festas com amigos.
O corpo de Mariane Torres foi velado em uma funerária da capital mineira nesta quarta-feira.
Fonte: O Globo