Sobe e desce no Guaíba: entenda como lago deve reagir nesta próxima semana

Rio Guaíba tem elevação recorde após chuvas dos últimos dias: Porto Alegre fica debaixo d'água
Rio Guaíba tem elevação recorde após chuvas dos últimos dias: Porto Alegre fica debaixo d'água — Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

Depois de um final de semana com o nível em baixa, o Guaíba voltou a subir na manhã desta segunda-feira. A primeira medição de hoje, às 8h15, no Cais Mauá, apontava para 4,32 metros, quatro centímetros a mais do que na noite anterior. Com a influência dos ventos, a tendência é que a água continue descendo ao longo dos dias e um segundo repique aconteça a partir de sexta-feira, quando estão previstas chuvas fortes para o Rio Grande do Sul, de acordo com previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

No domingo (19), o Guaíba apresentou uma queda acentuada de 15 centímetros. A perspectiva é que a vazão dos rios que deságuam nele não tenham aumento de demanda, e que o vento, no momento, continue sendo o principal inibidor para que as águas escoem com maior velocidade. De acordo com o portal meteorológico MetSul, isso ocorre devido um centro de baixa pressão na costa, que traz o vento do quadrante Sul no Norte da Lagoa dos Patos.

Segundo Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS, os cenários de previsão para a semana indicam que o Guaíba pode chegar a ficar abaixo dos quatro metros nos próximos dias. Também alertam que pode ocorrer represamento pelo vento sul forte previsto para sexta-feira, causando nova elevação para os quatro metros. As chuvas durante a semana também poderão contribuir com elevação dos níveis e prolongar a cheia acima de três metros em junho. O professor do IPH Fernando Dornelles explicou como ocorre a ação dos ventos.

— O vento causa uma perturbação na superfície da água, criando ondas que, ao propagarem acabam elevando o nível d’água para direção que estão atuando, e tão maior é este efeito quanto maior é a intensidade de vento e a distância que ele percorre sobre a superfície de água. Em corpos hídricos como o Guaíba e a laguna dos Patos temos comprimentos de pista para o vento da ordem de dezenas de quilômetros, sendo este efeito do vento muito mais significativo do que em rios estreitos, como o Jacuí e o Taquari — explica.

A tendência é que a curva de baixa se mantenha até a quinta-feira, ainda com os períodos de oscilação temporária, conforme o impacto do vento. A meteorologista do Inmet Morgana Almeida alerta para “chuvas mais significativas” a partir de quinta-feira.

— A partir do final da terça-feira já se observa a formação e atuação de uma frente fria, principalmente no extremo Sul do estado. Na quinta-feira, esse sistema avança um pouco mais e o tempo já deve mudar na metade Central e Norte, incluindo a região de Porto Alegre. Essa condição mais chuvosa deve se estender até a sexta-feira […] No sábado, a frente fria avança para a região sudeste e uma nova massa de ar frio já deve atuar sobre a região Sul na totalidade, e derrubar novamente as temperaturas. Essa semana teremos uma janela de tempo bom e estável na segunda e terça-feira, na quarta começa a chover no extremo sul do Rio Grande do Sul. Na quinta e sexta-feira, essa chuva deve se deslocar para as demais áreas do estado — explicou Almeida.

O professor Fernando Dornelles aponta que o segundo repique deve acontecer com menor intensidade em comparação ao anterior.

— O potencial de elevação é pequeno. A previsão está apontando que o Guaíba seguirá baixando de forma gradual, e que após baixar dos 4,00 m terá um pequeno repico, retornando a marca dos quatro e depois continuando com a recessão — salienta.

Em Pelotas, uma das cidades mais afetadas pelas cheias da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo, o alerta é ainda maior. Apesar de uma elevação do nível menor que em Porto Alegre e no rio Taquari, o município sofre com a água por se encontrar em uma zona plana. Por isso, o impacto das chuvas e ventos acontecem de forma diferente, é o que indica Dornelles.

— O pico é para acontecer entre hoje (segunda) e terça-feira, mas há muita água armazenada na laguna dos Patos e os níveis altos tendem a se manter elevados por algumas semanas. Os efeitos da maré e vento são bem mais importantes, devendo haver oscilações de nível d’água em função disso — comentou.

Segundo o portal MetSul, o vento Sul deixará as águas na Lagoa dos Patos e no Guaíba agitadas, fazendo com que as condições na sexta-feira e em parte do sábado se assemelhem a de uma maré de tempestade no mar, com inundações costeiras e ondas altas acompanhando o vento forte.

Fonte: O Globo

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