Sem ‘plano B’ para militares, governo Lula busca alternativa para GLO em um mês

Militares da Marinha do Brasil fazem patrulhamento no Porto de Santos no âmbito da GLO
Militares da Marinha do Brasil fazem patrulhamento no Porto de Santos no âmbito da GLO — Foto: Maria Isabel Oliveira/ O GLOBO

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de prorrogar por mais um mês a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo levou em conta a falta de um plano para substituir os militares. A ideia é que nesse período o governo possa avaliar soluções definitivas para combater a logística de organizações criminosas.

Há um consenso entre os ministérios da Justiça e Defesa de que a GLO não pode ser um instrumento permanente e que precisa acabar. Integrantes das duas pastas avaliam, porém, que seria irresponsável encerrá-la sem substituí-la por outro mecanismo de reforço de segurança.

A operação foi iniciada em novembro do ano passado com o objetivo de asfixiar a logística de organizações criminosas em portos e aeroportos dos dois maiores estados do país. A GLO determina que as Forças Armadas assumam as ações de prevenção e repressão aos crimes nessas áreas. Militares da Aeronáutica, por exemplo, têm sido responsáveis por vistoriar as áreas de manobra das aeronaves, bagagens e cargas e saguão, em conjunto com a Polícia Federal. Enquanto isso, a Marinha fica responsável pela atividade de policiamento na Baía de Guanabara (RJ), na Baía de Sepetiba (RJ) e no Porto de Santos (SP), em articulação com a Polícia Federal.

A decisão da prorrogação por mais 30 dias foi acolhida por Lula após parecer assinado pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e da Defesa, José Múcio Monteiro. Mesmo com extensão da GLO, essa é considerada uma fase de encerramento da operação.

Neste período serão analisados dados da operação e será avaliado se há necessidade, por exemplo, de a GLO permanecer em algum local específico. Um dos cenários que serão estudados é se, eventualmente, a operação poderá seguir apenas no Rio de Janeiro ou, em vez de incluir aeroportos, ocorra apenas nos portos dos dois estados. Auxiliares de Lula envolvidos nas discussões afirmam que há uma reclamação da Polícia Federal diante da presença ostensiva de militares nos aeroportos, enquanto faltam recursos para a corporação intensificar esse trabalho.

O Ministério da Defesa considera os números de apreensões de drogas relevantes, enquanto no Ministério da Justiça há uma avaliação de que a GLO é mais custosa financeiramente do que eficiente. De acordo com integrantes da pasta que avaliaram números de prisões e apreensões de anos anteriores, não há um volume significativamente maior a ponto de justificar sua permanência.

Por outro lado, há uma avaliação no governo de que o próprio efeito ostensivo da presença dos militares aumenta a sensação de segurança nessas áreas, além de diminuir o fluxo de criminosos, o que também faz cair o número de apreensões.

A alternativa à GLO será construída de forma conjunta entre os ministérios da Defesa, da Justiça e de Portos e Aeroportos. Uma das propostas já discutidas na Defesa é a aquisição de equipamentos tecnológicos que possam ser usados nesses locais como forma de ampliar a fiscalização.

Segundo o Ministério da Justiça, durante a GLO, 3.178 pessoas foram presas, sendo 2.779 em flagrante e 399 por mandados de prisão em aberto. As ações também resultaram em um total de 172,3 toneladas de droga apreendidas — 146 de maconha, 12,4 de cocaína, 5,4 de pasta base de cocaína e 1,6 de skunk (uma espécie de maconha mais concentrada).

As autoridades também confiscaram 660 quilos de haxixe, 470 de folha de coca e 308 de crack, além de 449 unidades de anfetaminas e 143 de ecstasy.

A operação também apreendeu 282 armas, entre elas 30 fuzis e 179 pistolas, e 11.204 munições. Foram localizados ainda dez granadas e explosivos.

A pasta ainda avalia que o valor de ativos apreendidos chegue a um total de R$ 116,4 milhões. Esse valor envolve o confisco de 5 imóveis, 84 embarcações, duas aeronaves, 963 veículos e 13.891 pedras preciosas. As autoridades contabilizam que fizeram 553 mil inspeções em em bagagens e 107 mil de cargas, além de 468 mil revistas em veículos e 824 mil em pessoas.

Fonte: O Globo

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