Se seguir prazo padrão, dragagem para a COP30 não ficará pronta a tempo

O presidente Lula e o governador do Pará
Na imagem, o presidente Lula (esq.) e o governador do Pará, Helder Barbalho (dir.), durante evento em Belém para anúncio da COP30

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre contra o tempo para entregar a obra mais importante para a COP 30 (Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontecerá em Belém, no Pará. Trata-se da dragagem da orla da capital paraense. O governo precisa aumentar a profundidade da costa para navios de cruzeiro atracarem e servirem de hotel para os participantes do evento climático.

O problema é que a obra precisa de cerca de 16 meses para ficar pronta, e o evento climático será em 18 meses, em novembro de 2025. Além do tempo necessário para o projeto em si, o governo precisa realizar a licitação. Da publicação do edital até a escolha da empresa vencedora, o prazo estimado é de cerca de 90 dias, o que já estoura o prazo para a COP30.

CDP (Companhia Docas do Pará) é a responsável pela obra. A companhia pediu 2 estudos para concluir o edital, mas só devem ser finalizados até a metade de maio. Eis os levantamentos que faltam:

O prazo apertado fez algumas alas do governo considerarem a troca da sede da COP30. Contudo, o governador do Pará Helder Barbalho (MDB), que é governista, assegurou que o evento será na capital paraense.

Aliados de Barbalho dizem que o projeto está pronto e a licitação poderia ser feita agora. Preferem, entretanto, esperar os estudos para dar sequência ao processo.

A dragagem do canal consiste na remoção de cerca de 12 milhões de m³ de sedimentos. A última dragagem na região amazônica ocorreu no Porto de Juriti (PA) no 2º semestre de 2023. A operação teve custo de R$ 30 por m³. Se as condições forem similares, o orçamento para a dragagem da orla de Belém ficaria próximo de R$ 360 milhões.

Essa estimativa pode ficar mais alta se considerar que na dragagem de Juriti houve a contratação de somente uma draga. Para o projeto da COP será necessária uma contratação de um número maior de embarcações.

A ideia inicial da CDP é contratar 3 dragas para operar simultaneamente na remoção e no descarte dos resíduos em um ponto de despejo. Com esse número, a obra levará 16 meses e somado aos 3 meses da licitação o prazo seria estourado. Será necessário contratar mais máquinas, o que aumentaria o custo e o impacto na região.

Existem dúvidas no setor portuário da Região Norte se a dragagem da orla de Belém trará benefícios econômicos para a região.

O escoamento da produção agrícola pelo Arco Norte é feito pelo Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA). A avaliação do setor é que um novo terminal em Vila do Conde seria mais bem aproveitado do que a dragagem na orla da capital e traria benefícios econômicos mais duradouros.

A dragagem da orla da capital não vai afetar o escoamento da produção por Barcarena, pois as mercadorias não passam pela Baía do Guajará, onde será feita a operação de dragagem da COP30.

Fonte: Poder360

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