São Paulo: Saiba se a população do seu bairro cresce ou encolhe

A favela de Paraisópolis, no distrito de Vila Andrade, o que mais cresceu em população ao longo da última década
A favela de Paraisópolis, no distrito de Vila Andrade, o que mais cresceu em população ao longo da última década — Foto: Edilson Dantas/Agência O GLOBO

A capital de São Paulo teve um crescimento populacional tímido em uma década, de apenas 0,15%, mas essa aparente estagnação esconde uma intensa variação populacional entre bairros, revelam os dados por distrito do Censo 2022 que o Instituto Nacional de Geografia e Estatística divulga hoje.

Enquanto há distritos que chegaram a dobrar o número de habitantes desde o Censo 2010 (caso da Barra Funda, que teve uma explosão de empreendimentos imobiliários), há áreas da cidade que perderam mais de 10% dos moradores (caso da Bela Vista, que continua adensada apesar da redução).

A gangorra habitacional foi grande também se analisam números em termos absolutos. Por esse critério, o bairro que mais perdeu pessoas foi a Brasilândia, no extremo da Zona Norte, que em 2022 tinha 21 mil habitantes a menos do que em 2012. Muitos bairros da Zona Leste também tiveram queda de população acentuada, incluindo Itaim Paulista, Sapopemba e Cidade Tiradentes. O distrito que mais ganhou pessoas, em contrapartida, foi o da Vila Andrade, onde fica a favela de Paraisópolis, que hoje tem 41 mil pessoas a mais do que há uma década.

Mudanças como essas alteraram um pouco o cenário paulistano de densidade populacional. O distrito com maior concentração populacional continua sendo a República (a porção oeste do centro da cidade), com 26 mil habitantes por km², mas no chamado “centro expandido”, delimitado pelos rios Tietê e Pinheiros, houve algumas alterações.

Nessa área de média distância do centro, houve crescimento em distritos da porção leste, como Mooca e Tatuapé, mas houve redução em outros da porção oeste, incluindo Perdizes e Jardim Paulista. (Barra Funda e Vila Leopoldina são exceções.)

Apesar da leve mudança de eixo, a configuração geral da cidade continua similar, com o Centrão e alguns bairros de periferia mais adensados do que o centro expandido.

Clique em áreas do mapa abaixo para consultar quais distritos perderam ou ganharam mais gente.

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O IBGE divulgou hoje agora também pela primeira vez os mapas de alta resolução por setor censitário, a menor unidade territorial que o instituto calcula.

A área do mapa de densidade populacional que mais se distingue no mapa do IBGE em São Paulo é justamente a favela de Paraisópolis, que possui diversos setores censitários com mais de 100 mil pessoas por quilômetro quadrado, mesmo não tendo grandes prédios.

São Paulo também tem seus vazios populacionais, mas apenas 14% do território do município não estão habitados, mostra o novo censo. São regiões de parques, unidades de conservação, corpos d’água e outras onde não é possível ou não é permitido construir.

Os dez setores censitários de São Paulo com maior concentração de pessoas em São Paulo estão localizados em três blocos de edifícios no centro, o mais adensado deles sendo o edifício 14 Bis, na Bela Vista, apelidado de “Treme-treme”. Ali mora mais de uma pessoa por metro quadrado, uma densidade populacional que requer grande verticalização e alta taxa de ocupação para ser atingida.

Veja abaixo a densidade populacional média por distrito.

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Especialistas que observaram a transformação da cidade visitando os bairros testemunharam a transformação que agora aparece nos novos mapas.

— A cidade de São Paulo ainda passa pelo processo de verticalização, apesar de menos intenso do que em períodos anteriores. Alguns distritos que apresentaram grande crescimento, especialmente Barra funda, Vila Leopoldina e Santo Amaro, receberam números expressivos de novos empreendimentos — diz Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE e professor da Faculdade Cásper Líbero.

Ele afirma que, quando ocorrer a divulgação dos tipos de domicílios distribuídos por distritos será possível observar esse fenômeno com mais precisão. Os números mais finos, por setor censitário, ainda são provisórios, e o instituto está divulgando o censo 2022 aos poucos.

— A Barra funda, como destacado, passou por esse processo de expansão, e lá houve uma grande mudança no perfil do distrito, com galpões dando lugar a grande conjunto de habitações. No caso dos distritos periféricos, há um conjunto que apresentou decréscimo significatico, em contraste com outros que ainda demonstraram crescimento.

Os dados novos do IBGE devem contribuir muito, também, para o debate sobre a questão habitacional em São Paulo. Existe uma grande pressão de migração do Sul do município rumo ao centro, ainda que bairros mais afastados da região continuem crescendo.

O maior número de domicílios vazios da cidade detectados pelo IBGE foi no Grajaú (mais de 20 mil moradias desocupadas) em Marsilac, o bairro da cidade que abriga parte da floresta da Serra do Mar, 35% das residências estão desocupadas.

A distribuição de população no centro, também, é um problema difícil de equacionar no futuro. Bairros como República e Bela Vista possuem taxa de desocupação de imóveis acima de 20%, mas são áreas da cidade que já estão muito adensadas. Alguns bairros de perfil mais rico, como Alto de Pinheiros, perderam muitos moradores e possuem casas de alto padrão desocupadas em um grande área.

Com um déficit habitacional de 400 mil moradias, segundo a prefeitura, os dados do Censo devem ajudar o próximo prefeito ou prefeita a criar políticas públicas para sanar esse desequilíbrio.

Fonte: O Globo

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