Saiba quem é Michel Nisenbaum, brasileiro que morreu em Gaza após ser mantido refém pelo Hamas

O brasileiro Michel Nisenbaum está desaparecido em Israel desde o ataque do Hamas
O brasileiro Michel Nisenbaum está desaparecido em Israel desde o ataque do Hamas — Foto: Reprodução

O Exército de Israel confirmou, nesta sexta-feira, que o brasileiro Michel Nisembaum, de 59 anos, que era mantido refém na Faixa de Gaza pelos extremistas do Hamas, está morto. Ele vivia há mais de 45 anos em Israel, tinha duas filhas e quatro netos — o quinto previsto para nascer no próximo ano —, e trabalhava com computação.

Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Nisembaum tinha começado a atuar como guia turístico há pouco tempo, e desapareceu na manhã do dia 7 de outubro, quando saiu para buscar a neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re’im, sul do país, onde ela estava com o pai, um soldado do Exército israelense.

Antes, Nisenbaum trabalhava como motorista, entregador, vendedor e prestador de serviços de informática. Ele também era voluntário na Rescue Union, onde foi também motorista de ambulância.

Uma das principais preocupações apontadas por familiares durante o período que estava sequestrado era que Michel Nisembaum dependia de medicamentos e não havia informação se os remédios estavam sendo fornecidos. Ele era diabético e sofria com a doença Crohn — síndrome inflamatória que afeta certas porções do intestino delgado e o cólon.

Mary Shohat, irmã de Michel, contou ao GLOBO detalhes sobre o desaparecimento do irmão. Sua sobrinha, filha de Michel, conversou com o pai pela última vez por volta das 7h daquele 7 de outubro, quando combatentes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel que deixou milhares de mortos e foi o estopim para a guerra. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:

— Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram “Hamas, Hamas”. Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade — disse Mary na época.

Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.

O Itamaraty confirmou em outubro, que Nisenbaum estava entre os desaparecidos do ataque terrorista do Hamas contra Israel, em 7 de outubro. Acredita-se que ele era o único brasileiro mantido como refém pelo Hamas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu em dezembro do ano passado com a irmã e a filha de Michel Nisembaum. Após o encontro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a libertação do refém brasileiro era preocupação principal de Lula e que os familiares externaram o sentimento de “angústia” e “ansiedade”.

— Conversa foi muito boa, elas perceberam que o presidente Lula está completamente interado no assunto e diria que a preocupação número um dele é exatamente com os reféns e particulamerment com Michel, refém que tem nacionalidade brasileira — disse Wagner.

Em encontro com senadores, a irmã de Michel, Mary Shohat, cobraram esforços pela libertação do brasileiro.

— Nós estamos com uma dor na nossa alma, o nosso coração está pingando sangue. Eu não tenho palavras para explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe, a todo tempo, chora e ninguém tem palavras para consolá-la. De uma família completa passamos a ser uma família menos um — disse ela.

No Plenário, uma das filhas de Michel, Hen Mahluf, clamou para que as autoridades brasileiras fizessem “tudo que podem” para ajudar a resgatar o seu pai.

— Eu tenho que crer que ele vai voltar a estar comigo, porque eu preciso dele. Ele é meu pai. Tenho que dizer que eu o amo muito, algo que não consegui fazer nesta manhã. E a vocês eu peço: por favor, façam tudo que podem para nos ajudar.

Fonte: O Globo

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