Saiba as diferenças e como funcionam os testes de covid

Teste rápido de COVID-19

Os casos de covid-19 e de influenza aumentaram nos últimos meses e especialistas alertam para a importância de realizar testes para obter um diagnóstico correto. Como as duas doenças têm o mesmo quadro sintomático – coriza, tosse, dor no corpo e febre -, é praticamente impossível saber por qual vírus se deu a infecção sem realizar o teste.

Hoje, há diversos testes de covid-19 disponíveis no mercado, desde o autoteste, encontrado na farmácia, até o PCR, feito em laboratório, e o exame sorológico, de sangue. No entanto, há diferenças importantes entre eles que devem ser levadas em consideração.

Segundo o médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Renato Grinbaum, o teste mais eficaz e mais recomendado para identificar contaminação por coronavírus é o PCR. No entanto, ele não deve ser utilizado para tomada de decisão sobre fim do isolamento social.

“O PCR é o exame mais fidedigno para diagnosticar um paciente, porém, como ele pega uma pequena fração do vírus, ele pode dar positivo mesmo depois de semanas que a pessoa já não está transmitindo”, diz o especialista.

O ideal é que a pessoa faça o teste PCR quando estiver sintomática, preferencialmente três dias após o aparecimento dos sintomas. Ao receber o teste positivo, ela deve permanecer em isolamento social por sete dias – se necessário sair, deve-se usar máscara. Não é necessário fazer um segundo teste.
Autoteste ou teste de farmácia

Os testes rápidos encontrados em farmácias são chamados de testes de antígeno e podem ser realizados pelo farmacêutico ou pelo próprio paciente, em casa. Eles são mais simples que os testes de laboratório e por isso têm mais chances de dar um falso negativo.

“O teste rápido detecta um pedaço do coronavírus, uma proteína, e não o material genético, como no PCR”, explica Carolina dos Santos Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.

A mucosa nasal do paciente é colhida por meio de um swab nasal – uma espécie de cotonete longo – e colocada em um cartucho de plástico junto com um líquido reagente. Dentro do cartucho, há uma fita capaz de identificar a presença da proteína do coronavírus.

É preciso aguardar 15 minutos até a confirmação do resultado do teste de antígeno. Se apenas um traço vermelho aparecer no visor do cartucho, o resultado é negativo. Se forem dois traços vermelhos, o resultado é positivo.

Caso nenhum traço vermelho apareça, é sinal de que a reação química do teste não aconteceu como deveria. Por isso, será necessário realizar um novo teste.

O teste antígeno tem uma assertividade de 96% entre o primeiro e o quinto dia de sintomas, diz a especialista do Fleury. Ele detecta a proteína do vírus quando a carga viral está alta e é transmissível. Depois desse período, as chances de um falso negativo são maiores.

Entre os pontos negativos deste tipo de teste, no entanto, é que ele é mais suscetível a variáveis como coleta inadequada da mucosa nasal. Se a pessoa não souber colher o material corretamente, isso interferirá no resultado.

Além disso, os autotestes não são notificados ao governo, o que faz com que tenhamos dados menos precisos sobre a situação epidemiológica no País. Já os testes rápidos feitos em farmácia são notificados.

PCR

O teste de Reação de Cadeia da Polimerase, conhecido como PCR, tem “padrão ouro” de diagnóstico. Nele, é identificado o material genético do coronavírus – o RNA – e sua taxa de assertividade é próxima a 100%.

Assim como no teste antígeno, no PCR também é colhido um material respiratório do paciente por meio de swabs nasais. Porém, o conteúdo é retirado da parte interior do nariz, próxima à faringe, e é processado em equipamentos laboratoriais, mais robustos.

O diagnóstico, no geral, sai no dia seguinte. Mas existem alguns laboratórios e hospitais que utilizam equipamentos compactos capazes de revelar o diagnóstico em poucas horas, aponta Lázari. Em todos os casos, os resultados são notificados.

“Esse teste funciona mesmo para pacientes assintomáticos. No entanto, sem os sintomas, não é possível saber em que momento da infecção o paciente está”, explica a especialista do Fleury.

Por esse motivo, Renato Grinbaum recomenda que o teste seja utilizado para detecção da doença em pacientes sintomáticos e não como parâmetro para necessidade de isolamento social.

Alguns testes de PCR também são feitos por meio da coleta da saliva do paciente. Porém nesses casos, há uma redução na taxa de assertividade do teste para 94%. “A colheita por saliva geralmente é feita em pacientes que por algum motivo não podem usar o swab ou em crianças pequenas”, diz Lázari.

Exame sorológico
O exame sorológico é um exame mais completo feito por meio da coleta de sangue. Ele é capaz de identificar se a pessoa já teve contato com o coronavírus, porém, segundo a infectologista do Fleury, hoje em dia ele não é mais muito utilizado.
“A esta altura da pandemia, a maioria das pessoas já foi infectada pelo coronavírus em algum momento ou tomou a vacina, por isso, este exame não faz mais tanto sentido quanto no início da pandemia”, diz.
Método pode prever gravidade da covid-19
 

Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo, identificaram um método com potencial para prever a gravidade da infecção por covid-19 nos pacientes, a partir da análise do plasma sanguíneo. O sistema pode servir como ferramenta de triagem no atendimento dos infectados e ser utilizado a fim de evitar a evolução da doença. O estudo foi publicado na revista científica Journal of Proteome Research.

De acordo com a pesquisa, os pacientes infectados pela doença tiveram variações na concentração de seis substâncias encontradas no sangue, chamadas de metabólitos, sendo elas glicerol, acetato, 3-aminoisobutirato, formato, glucuronato e lactato. As análises revelaram que, quanto maior o desequilíbrio na quantidade dessas substâncias no início da infecção, mais graves eram os quadros de saúde que os pacientes desenvolviam.

Foram analisadas amostras de plasma sanguíneo de 110 pacientes com sintomas gripais que passaram, em 2020, pelo Hospital da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sendo que 57 deles não estavam infectados por covid-19 e os outros 53 eram casos positivos recentes da doença.

Os pesquisadores observaram que, dos infectados, dez pacientes apresentaram complicações e chegaram a ser internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com registro de duas mortes. Esse grupo com quadro de maior gravidade apresentou, no início da infecção por covid-19, variações mais acentuadas na concentração dos metabólitos citados.

Os resultados do estudo podem contribuir, conforme apontou o IQSC, para o desenvolvimento de um novo protocolo clínico que ajudaria médicos e hospitais a identificarem, já nos primeiros dias de sintomas, pacientes que possam desenvolver a forma grave da doença, permitindo que intervenham para evitar a evolução da doença.

Ainda segundo o IQSC, para validar a técnica, os pesquisadores planejam ampliar o número de amostras de plasma sanguíneo avaliadas e incluir novos grupos, como os vacinados que contraíram a covid-19, nos próximos passos do estudo. Além disso, eles pretendem incluir informações sobre gênero e idade nas estatísticas.

 

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