Safra do Rio Grande do Sul: ‘ainda não há a dimensão da perda dos grãos armazenados’

Silos de arroz inundados em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul
Silos de arroz inundados em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul — Foto: Nelson Almeida/AFP

Mesmo com muitas projeções sobre o impacto da inundação na safra do Rio Grande do Sul, o número real só poderá ser calculado quando a água baixar e os estragos forem contados. Isto porque, de acordo com agricultores e algumas consultorias, cerca de 70% das safras de soja e de arroz já foram colhidas. No entanto, após a colheita, o grão é armazenado em silos que podem estar completamente destruídos pela força das enchentes.

– Ainda não há a dimensão do estrago porque a enchente não secou ainda. A gente não tem ainda a dimensão do grau de comprometimento estrutural e a perda de produto armazenado – afirma Paulo Bertolini, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grão (CSEAG) da ABIMAQ.

Ele salienta que a região arrozeira foi bastante afetada pelas inundações, pois normalmente ficam à beira de rio. Assim como as plantações de soja e milho.

Bertolini acredita que a chuva chegou em um momento em que os armazéns estão cheios, pois a safra da soja estava no final e a de milho já estava guardada.

– O que foi para armazém e que foi afetado é um prejuízo fabuloso, porque o produtor gastou tudo para produzir, colher, depois gastou pra secar, movimentar, transportar, secar, limpar esse grão e colocar no silo para enchente agora vir e levar tudo. É muito triste.

Além da inundação, há relatos de estruturas que podem ter tido um comprometimento estrutural pela instabilidade do solo. Por isso, o alerta é que para a população se mantenha distante destas estrutura.

– Uma vez que a água infiltrou em um silo desse com grão, ele tende a absorver essa umidade, inchar, e aí ele exerce um esforço maior de dentro pra fora nesse processo. É um esforço estrutural e é perigoso. Um grão úmido também provoca calor e gera autocombustão. E isso é bastante perigoso.

Segundo ele, se o processo de limpeza do grão for feito de forma segura, o produto pode durar até três anos guardado. Paulo lembra que o Rio Grande do Sul é um estado bastante estruturado na parte da armazenagem com silos em cooperativas, de indústrias e nas fazendas de pequenos produtores.

Fonte: O Globo

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