Rússia e China vetam resolução dos EUA na ONU sobre cessar-fogo em Gaza

Bombardeio israelense em Khan Younis, no sul da faixa de Gaza
Bombardeio israelense em Khan Younis, no sul da faixa de Gaza — Foto: AFP

Com vetos da Rússia e da China, o Conselho de Segurança da ONU não aprovou a resolução dos Estados Unidos que pedia um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. Os EUA, que repetidamente bloquearam pedidos de trégua no enclave nos últimos meses, haviam submetido um projeto para votação nas Nações Unidas nesta sexta-feira.

Durante a sessão, o representante russo afirmou que a proposta americana não tem uma determinação clara sobre o cessar-fogo imediato ou a libertação dos reféns, e que “isso significa que a representante dos Estados Unidos na ONU ou o Secretário de Estado dos EUA deliberadamente enganaram a comunidade internacional”.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o texto enviava “um sinal forte”. Entenda, abaixo, o que dizia a resolução.

O texto observava a necessidade de um “cessar-fogo imediato e sustentado para proteger civis de todos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial e aliviar o sofrimento humano”.

Dessa forma, apoiava “esforços diplomáticos para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns restantes”. Os críticos dos Estados Unidos, incluindo a Rússia, observaram que o texto não usava explicitamente a palavra necessária para indicar o pedido de cessar-fogo. Ele também defendia que a medida deveria ser condicional à libertação de todos os reféns.

O embaixador adjunto russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, disse aos repórteres nesta quinta-feira: “Não estamos satisfeitos com nada que não exija um cessar-fogo imediato”, o que já indicava que Moscou poderia usar seu veto. Um projeto de resolução concorrente também está circulando, que é mais explícito sobre um cessar-fogo imediato.

Os EUA afirmaram que seu projeto tinha o apoio de pelo menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança, o suficiente para a votação ser aprovada, desde que nenhum veto fosse usado por um dos cinco membros do Conselho de Segurança, como ocorreu nesta sexta-feira.

Diplomaticamente, os EUA poderiam se beneficiar ao mostrar uma liderança positiva na ONU e demonstrar que não estão tão isolados quanto pareceram em seu apoio a Israel. A maior parte do conteúdo operacional do texto era direcionado a Israel, e as críticas não eram explícitas. Ele reiterava os apelos para que a ajuda fluísse para o enclave, com medidas como a abertura de mais passagens terrestres e menos restrições aos bens permitidos a entrar em Gaza. O texto também demonstrava oposição ao deslocamento forçado de palestinos.

Se aprovado, esta também seria a primeira vez que a ONU condenaria coletivamente o grupo terrorista Hamas, pedindo restrições em suas finanças.

O embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière, disse que se o texto dos EUA fosse rejeitado, então o projeto alternativo defendido pelos membros não permanentes do Conselho de Segurança, que pede um cessar-fogo imediato no Ramadã (mês sagrado muçulmano que teve início no último dia 10), “será colocado na mesa e submetido a votação”. Ele declarou que era preciso primeiro de um cessar-fogo, e “depois de conversas”.

Fonte: O Globo

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