Resposta do Brasil à Venezuela foi fraca e veio tarde

Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, fala após registrar sua campanha de reeleição no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas, Venezuela, em 25 de março de 2024.
Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, fala após registrar sua campanha de reeleição no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas, Venezuela, em 25 de março de 2024. — Foto: Gaby Oraa/Bloomberg

O Brasil demorou a dar uma resposta ao que se passa na Venezuela e a resposta veio fraca. A nota divulgada, nesta terça-feira, pelo Itamaraty representa uma mudança de posição do governo. Até aqui, Lula elogiava a “democracia” venezuelana, o que não existe faz muito tempo. O texto fala em preocupação no primeiro parágrafo. No segundo, diz que o impedimento de registro da candidatura de Corina Yoris, sem citar seu nome, não é compatível com o Acordo de Barbados. No acordo, firmado por diversos países , inclusive o Brasil, Nicolás Maduro se comprometeu a realização de eleições limpas e transparentes na Venezuela. E não é isso que se tem visto.

Desde a assinatura do acordo, Maduro trabalhou para que não houvesse nenhuma paridade de armas, nenhuma disputa realmente justa nas eleições presidenciais deste ano. Ele antecipou a data do pleito para não dar tempo de a oposição fazer campanha, prendeu opositores, tornou inelegível a candidata de oposição mais forte e agora chama de terrorista o grupo político de oposição mais viável contra ele. Então isso não é eleição.

A nota do governo brasileiro, diz no terceiro parágrafo, que outros 11 oposicionistas ao governo conseguiram se registrar para concorrer às eleições presidenciais, como a dizer que o que aconteceu foi um fato isolado. Na verdade, Maduro escolheu seus adversários, “permitindo” aos que considera com menor capacidade de competição o registro e barrando outros, como a filósofa Corina Yoris, alçada a candidata de última hora diante da inelegibilidade inventada de María Corina Machado, que tinha apoio de grande parte da população, tendo vencia das primárias na Venezuela em outubro do ano passado. A professora que a substituiu nunca disputou a eleição, mesmo assim Maduro não a “aceitou” na disputa.

A nota diz que vai trabalhar com outros países para acompanhar o pleito para fortalecer a democracia venezuelana. Aparentemente o governo do Brasil desconhece que esse não é um processo eleitoral normal e que não se pode chamar de democracia o que tem na Venezuela como governo.

Na Venezuela, primeiro Hugo Chavez e depois Nicolás Maduro sempre agiram como outros governantes que chegaram ao poder pelo voto e em seguida desmontaram toda a estrutura da democracia. Vladimir Putin, Víktor Orbán todos são do mesmo tipo, são autocratas.

Fonte: O Globo

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