‘Reformas vão ajudar a melhorar perspectivas de crescimento do Brasil’, diz FMI

Kristalina Georgieva durante evento do G20 em São Paulo
Kristalina Georgieva durante evento do G20 em São Paulo — Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

A economia do Brasil continua a ter um bom desempenho e as suas reformas políticas deverão ajudar a melhorar as perspectivas de crescimento e os padrões de vida dos brasileiros, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, em comunicado sobre a primeira reunião dos Ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, ocorrida entre 28 e 29 de fevereiro, em São Paulo.

“Aplaudo os planos das autoridades para orientar a transformação do Brasil a uma economia sustentável, inclusiva e verde e quero também reconhecer o Brasil como líder global quando se trata de inovação financeira”, afirmou na nota.

De acordo com Georgieva, “globalmente, estamos preparados para um pouso suave, mas o avião ainda não está no solo”. A dirigente pontuou que o crescimento previsto para este ano subiu para 3,1% frente aos 2,9% da última estimativa.

“A inflação caiu mais rápido do que esperávamos. No nosso cenário base, a inflação global deverá cair para 5,8% este ano e 4,4% no próximo ano. E esta melhoria das perspectivas também beneficia as economias em desenvolvimento que estiveram isoladas dos mercados durante algum tempo.”

Para a diretora do FMI, apesar de um cenário “encorajador”, o G20 precisa fica atento a alguns riscos. “Um risco é uma inflação mais persistente devido a novos picos de preços que poderão resultar de choques geopolíticos e outras perturbações na oferta – como fenômenos climáticos – ou de condições financeiras mais frouxas, que poderão abrandar anormalização da política monetária. Também podemos ter um risco na direção contrária em que a inflação caia ainda mais rapidamente do que o esperado. E isso, claro, seria ótimo para todos nós.”

A chefe do fundo monetário ponderou ainda ver necessidade de se retomar o crescimento global. “Não devemos ser complacentes porque o crescimento ainda é fraco: 3% ano após ano, contra uma média de 3,8% na década pré-covid. E, pior, em muitos lugares isso se deve à baixa produtividade. Os países que estão tendo bons resultados, como os Estados Unidos e alguns países de mercados emergentes, obtiveram ganhos de produtividade.”

Georgieva também alertou para riscos em um cenário em que as taxas de juro permaneçam mais elevadas durante mais tempo. “Os riscos do setor financeiro poderão aumentar e, portanto, exigem um monitoramento cuidadoso. Devemos estar atentos aos primeiros sinais de estresse e abordar sistematicamente as vulnerabilidades, especialmente nas instituições financeiras não bancárias.”

Na visão da dirigente, “os bancos centrais precisam determinar o trabalho sobre a inflação, calibrando cuidadosamente se cortam e com que rapidez [os juros], contra o risco de serem demasiado lentos e afetarem negativamente o crescimento”. Para Georgieva, “as autoridades governamentais têm de prosseguir a consolidação orçamentária para reconstruir os colchões de amortecimento e preparar-se para os choques que ainda poderão ocorrer”.

A diretora-gerente do Fundo diz que agradece “à presidência [brasileira do G20] por destacar o financiamento do desenvolvimento como o desafio do nosso tempo”. Segundo Georgieva, “infelizmente, estamos perdendo terreno em vez de ganhar, e precisamos de um pacote extraordinário de ações internas e de apoio externo”.

A dirigente destacou que o FMI tem trabalhado com o Banco Mundial e outras organizações “para ajudar os nossos membros a implementar fundamentos macroeconômicos sólidos que lhes permite alcançar taxas de crescimento mais elevadas e melhorar os padrões de vida”.

Juntamente com o Banco Mundial, disse a chefe do FMI, “lançamos uma grande iniciativa de mobilização de recursos internos, na qual ajudaremos os nossos membros a abordar de forma abrangente como aumentar os recursos do erário público, como utilizar este dinheiro de forma mais eficaz, como dar confiança ao setor financeiro para que as poupanças possam se transformar em investimento produtivo e como construir mercados de capitais nacionais para aumentar a eficiência e a eficácia de cada centavo”.

De acordo com Georgieva, “no que diz respeito à dívida, como ouvimos de muitos, o elevado serviço da dívida é um problema para vários países altamente vulneráveis, restringindo recursos que poderiam ser canalizados para o desenvolvimento”. A diretora do fundo monetário afirmou “aplaudir os esforços do G20” para entregar uma matriz comunitária de reestruturações.

“Temos, agora, quatro países procedendo reestruturações das dívidas, cada um mais rápido do que o anterior. Estou empenhada em ajudar a avançar o trabalho sobre a abordagem das vulnerabilidades da dívida através da Mesa Redonda Global sobre a Dívida Soberana, para que possamos abordar melhor questões como oportunidade, previsibilidade e comparabilidade do tratamento.”

Fonte: O Globo

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