Quem é o magnata argentino que fez uma ‘aposta de 100 anos’ na mineração de lítio na Argentina e no Brasil

Magnada argentino Jose Luis Manzano
Magnada argentino Jose Luis Manzano — Foto: Reprodução

Ao longo de três décadas, o argentino Jose Luis Manzano ganhou fama por mergulhar em setores problemáticos e navegar por ciclos econômicos e políticos tumultuosos para montar um portfólio de negócios que vão desde mídia a energia.

Agora, através da holding Integra Capital, ele está apostando tudo na mineração de matérias-primas que serão essenciais para a transição energética. A Argentina tem atraído investidores para suas vastas e pouco desenvolvidas reservas de lítio e cobre.

Manzano tem adquirido minas e áreas ricas em lítio no norte da Argentina e no Brasil. No final do ano passado, a Integra também assumiu um enorme projeto de fertilizantes à base de potássio abandonado pela Vale na província natal de Manzano, Mendoza, mais conhecida pelos vinhos Malbec.

“Acreditamos que estamos nos posicionando em coisas que serão necessárias nos próximos 50 a 100 anos”, disse Manzano em uma rara entrevista em Londres. Seu último negócio foi a compra da mineradora peruana Volcan da Glencore.

O médico de 68 anos foi ministro do ex-presidente Carlos Menem no início da década de 90, antes de entrar no mundo dos negócios com uma empresa de TV.

Manzano agora mora em Genebra e citou isso como fundamental para fazer negócios com as gigantes suíças das commodities, como a Glencore. Além de dois projetos de mineração adquiridos da Glencore, ele tem parcerias com a Mercuria na exploração de petróleo de xisto na Argentina e na distribuidora de gás natural Metrogas.

A aquisição do projeto de potássio da Vale na Argentina, em parceria com a brasileira ARG, é um exemplo da estratégia do empreendedor de remar contra a maré. Atualmente há um excesso de oferta do insumo agrícola, e a Vale abandonou o projeto há uma década devido ao difícil clima de negócios na Argentina sob o governo de esquerda na época.

Agora, sob o presidente Javier Milei, ele e outros líderes empresariais veem oportunidades para aumentar sua riqueza pessoal e solidificar seus negócios.

Manzano, que esteve próximo do partido peronista que Milei derrotou nas eleições do ano passado, está satisfeito com o que viu até agora.

— Estou otimista — disse ele. — Acreditamos que a ação inicial contra inflação está tendo sucesso e que talvez a economia possa iniciar uma trajetória de crescimento no quarto trimestre.

Há mais de três anos, Manzano comprou junto com parceiros o controle acionário da distribuidora de energia elétrica de Buenos Aires, a Edenor. As ações da Edenor negociadas em Nova York saltaram mais de 400% desde então.

— Em primeiro lugar, ele é uma pessoa extremamente inteligente; isso é algo que seus amigos e inimigos reconhecem. Em segundo lugar, ele sabe como se movimentar nos corredores do poder — disse Jose Manuel Ortega, ex-executivo do Banco Santander que investiu em Mendoza e interagiu com Manzano. — Ele conseguiu obter capital de investidores e parceiros para fazer esses negócios e, obviamente, isso o ajudou a construir sua fortuna pessoal.

Mas nem todos os negócios de Manzano deram certo. Uma participação em um empreendimento com a estatal venezuelana PDVSA está produzindo apenas uma fracção da sua capacidade. E as ações da Interoil, uma empresa norueguesa na qual a Integra tem uma pequena participação, despencaram este ano.

Manzano disse que o projeto venezuelano deve aumentar produção nos próximos anos e que os problemas de exploração na Colômbia enfrentados pela Interoil serão resolvidos.

Fonte: O Globo

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