Quase 4 milhões de pessoas vivem em áreas de risco no Brasil

Rio de Janeiro - Deslizamento na BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de fora, destruiu uma casa e abriu uma cratera às margens da pista. A Secretaria de Defesa Civil de Petrópolis interditou 50 casas (Divulgação Prefeitura de Petrópolis)

Expostas a desastres naturais, como desabamentos e inundações, as áreas de risco são lar para ao menos 3,9 milhões de pessoas que vivem em mais de 13 mil regiões desse eixo no país, das quais cerca de 4.000 são consideradas de muito risco. Em 1600 cidades mapeadas, os riscos de deslizamento (6.800) e inundação (4.300) são os mais recorrentes. Os dados são do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Mais que questões geográficas, os números expõem os problemas enfrentados pelas camadas mais vulneráveis da sociedade, dentre os quais, está a precária habitação.  De acordo com Rodolfo Baesso Moura, pesquisador do Laboratório de Gestão de Riscos da Universidade Federal do ABC (LabGRis-UFABC), existe uma segregação que demarca a questão territorial no Brasil.

“Os que têm mais recursos ocupam as áreas mais seguras, e os que têm menos, por estarem fora do mercado residencial formal, são literalmente empurrados para viver em áreas ambientalmente frágeis, nas encostas e beiras de córrego”, esclarece. De acordo com dados do Instituto Pólis, divulgados em julho de 2022, as famílias pobres e negras são as mais prejudicadas com desastres naturais. As informações têm como base as cidades de São Paulo. Belém e Recife.

Ainda, segundo Baesse, a história de como as grandes cidades foram construídas no Brasil sem respeitar os espaços dos rios é outro motivo determinante para os desastres naturais que impactam as populações mais carentes. Canalizações e retificações somadas  às altas taxas de impermeabilidade das médias e grandes cidades brasileiras, por exemplo, favorecem as inundações.

Diante do problema, continua Baesso, o primeiro passo é mapear essas áreas. Isso porque essa ação possibilita propor medidas para reduzir os riscos ou qualificar a segurança. Entre as ações que podem ser colocadas em debate, que podem ou não ser estruturais, estão as de contenção e a organização de núcleos comunitários de Defesa Civil.

“Essa composição de priorização de atuação, a partir dos cenários e graus de risco e da concepção de diferentes medidas, estruturais e não estruturais, é um elemento fundamental para a elaboração de Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRRs)”, afirma o pesquisador. Segundo ele, as políticas mais importantes passam pela atribuição de recursos para a elaboração desses planos em escala adequada, a fim de que as medidas sejam executadas corretamente e sem a remoção de moradias. Caso a remoção seja inevitável, isso deve ser acompanhado de um programa habitacional.

 

Com informações do R7

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.