Quasar: entenda por que buraco negro supermassivo é ‘objeto mais luminoso’ já detectado

Buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia é a definição de quasar, objeto celeste mais brilhante
Buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia é a definição de quasar, objeto celeste mais brilhante — Foto: Divulgação

Cientistas anunciaram, nesta terça-feira, a descoberta daquele que é o objeto mais luminoso já detectado até o momento no Universo. Batizado de J0529-4351, ele foi identificado pelo telescópio VLT (Very Large Telescope), no Chile, segundo artigo publicado na revista Nature Astronomy.

O objeto em questão é um quasar, uma abreviação, em inglês, de “fonte de rádio quase estelar”. Quasares são formados por buracos negros supermassivos localizados no centro de galáxias e que brilham com grande intensidade, segundo a Nasa. No caso do J0529-4351, essa luminosidade é 500 trilhões de vezes mais forte que o Sol.

Os buracos negros que alimentam esses núcleos galácticos recolhem a matéria de seu entorno num processo intenso. Esses objetos celestes, com um intenso campo gravitacional, encontram-se cercados de gás e poeira, que se agregam ao seu redor na forma de discos.

— Toda essa luz vem de um disco de acreção quente que mede sete anos-luz de diâmetro. Este deve ser o maior disco de acreção do Universo — diz o pesquisador Samuel Lai, um dos autores do estudo.

O efeito da gravidade sobre o gás e a poeira reunidos nesses discos gera uma imensa quantidade de energia, liberada antes da entrada desses materiais, que são aquecidos nesse processo, no interior do buraco negro. É isso que gera o brilho identificado pelos astrônomos.

A luz desse quasar demorou 12 bilhões de anos para chegar até a Terra. Como regra, de acordo com o Observatório Europeu do Sul, a elevada intensidade do brilho de um quasar é um indicativo da rapidez de seu crescimento:

— Descobrimos o buraco negro de crescimento mais rápido conhecido até hoje. Tem uma massa de 17 bilhões de Sóis e consome pouco mais de um Sol por dia. Isto torna-o no objeto mais luminoso do Universo conhecido — disse Christian Wolf, astrônomo da Universidade Nacional Australiana (ANU) e principal autor do estudo publicado na Nature Astronomy.

Encontrar quasares não é tarefa fácil. Segundo o Observatório Europeu do Sul, é necessário analisar grandes porções do céu, e programas de computador precisam ser usados para lidar com o grande volume de informação. Os modelos, no entanto, por serem treinados com base em dados pré-existentes, podem deixar passar quasares com características incomuns.

Foi o que aconteceu com o J0529-4351. A análise inicial do Observatório Europeu do Sul indicou que o objeto era brilhante demais e sugeriu se tratar de uma estrela. Pesquisas feitas no ano passado com telescópios da Austrália e do Chile permitiram confirmar se tratar de um quasar.

Fonte: O Globo

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