Há 279 anos a chegada da Semana Santa reúne homens encapuzados com tochas na mão nas ruas históricas da Cidade de Goiás (GO) para comemorar o fogaréu, um evento religioso que reproduz a prisão de Jesus Cristo.
A procissão na quinta-feira Santa reúne milhares de turistas todos os anos. O evento é realizado pela própria população e conta com o apoio do Governo de Goiás e da Diocese de Goiás.
A encenação da perseguição e prisão de Jesus Cristo começa pouco antes da meia noite, quando as luzes da cidade são apagadas. Após a virada, é iniciada a caminhada.
A tradição começou ainda no período medieval, em 1745 e chegou no Brasil pelo padre espanhol João Perestrello de Vasconcelos Spínola, que trouxe as tradições do período religioso da Península Ibérica.
Foi o sacerdote que fundou a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, que é a responsável pela organização, alegorias e representação da Semana Santa na Cidade de Goiás desde então.
Apesar da popularidade, a tradição acabou esquecida por um período. No entanto, foi retomada nos anos de 1960 após uma releitura do evento ser feita pela artista plástica Goiandira de Couto. Desde então, a procissão só deixou de acontecer em 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19.
A chamada “Procissão Fogaréu” começa na porta do Museu de Arte Sacra da Boa Morte. Em seguida, os homens encapuzados com vestimentas coloridas e tochas na mão — chamados de farricocos — iniciam a encenação representando os soldados romanos que prendem Jesus e o levam para o governador da província romana de Judeia, atual Jerusalém.
A caminhada continua em direção ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário, onde acontece uma encenação da última ceia de Jesus Cristo. A procissão então segue para outra igreja, onde acontece a prisão de Cristo.
Toda a cerimônia é acompanhada pelo som de uma banda com tambores e instrumentos de sopro. Ao todo, a caminhada acontece por cerca de 1,5 km e dura quase 1h. Ao final, a figura de Cristo não é representada por um ator, mas sim por uma pintura feita em linho, da frente e costas do Filho de Deus.
Fonte: O Globo