Beneficiados pela exposição que ganharam na pandemia, mas com medo de chegarem ao fim do ano com rombo nos cofres públicos, prefeitos têm contrariado recomendações de especialistas de diversas áreas e pressionado a Câmara dos Deputados a não mudar a data das eleições municipais deste ano, prevista para 4 (primeiro turno) e 25 de outubro (segundo turno). A alteração foi proposta ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por médicos infectologistas, cientistas, juízes e acadêmicos do direito. Na semana passada, o Senado aprovou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que troca os dias de votação para 15 e 29 de novembro.
Segundo a Folha de S. Paulo, a discussão foi barrada na Câmara por lobby de prefeitos que tentam se reeleger ou eleger um sucessor. Com a máquina administrativa nas mãos, os gestores municipais receiam que o adiamento abra espaço para adversários, sobretudo com previsão de possíveis perdas no FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Eles também viraram alvo constante de autoridades como o Ministério Público, que tem questionado doações e propagandas feitas em período pré-eleitoral. Oficialmente, entidades que representam prefeituras como a CNM (Confederação Nacional de Municípios) adotaram o discurso de que defendem que não haja eleição neste ano e o mandato dos prefeitos seja estendido —proposta que tem sido descartada tanto pelo Legislativo como pelo Judiciário.