Pré-candidato à Presidência no Uruguai é denunciado por mulher trans por agressão

Yamandú Orsi, pré-candidato à presidência no Uruguai pela Frente Ampla
Yamandú Orsi, pré-candidato à presidência no Uruguai pela Frente Ampla — Foto: AFP Photo/ADHOC/Pablo Vignali

Uma denúncia de agressão apresentada por uma mulher transexual contra Yamandú Orsi, favorito para se tornar candidato presidencial da oposição de esquerda pela Frente Ampla, abalou a campanha eleitoral no Uruguai esta semana. Orsi, de 56 anos e herdeiro do legado do ex-presidente e ex-guerrilheiro José Mujica, nega as acusações de Paula Díaz, de 42 anos. A mulher, que trabalha como prostituta, alegou ter sido agredida pelo pré-candidato depois de ele se recusar a pagar por sexo oral, em junho de 2014.

O sistema judiciário ainda não começou a investigar a denúncia de Paula, apresentada na manhã da última quarta-feira. Dando a sua versão à imprensa na sexta-feira, a mulher disse que se lembrou do incidente “há cerca de um mês”, quando viu Orsi “na televisão”.

O presidente da Frente Ampla, Fernando Pereira, disse que tudo “faz parte de uma campanha orquestrada” para “banir publicamente um dos candidatos do partido com maior intenção de voto”. E questionou se Díaz não conhecia Orsi quando ele foi prefeito do departamento de Canelones, de 2015 até 1º de março.

Díaz destacou que foi incentivada a denunciá-lo depois que “um conhecido” a colocou em contato com Romina Celeste Papasso, a mulher trans que no ano passado acusou o senador Gustavo Penadés de ser um “pedófilo”. Após a denúncia, seus privilégios parlamentares foram retirados, e Penadés foi indiciado com prisão preventiva por suposto abuso sexual de menores.

Mas, ao contrário de Romina, que é membro do Partido Nacional, no poder, Paula disse que estava “fora da política”.

— Não estou nem aí pelo show business ou pela popularidade. A última coisa que quero é isso, ou tirar dinheiro de alguém. Quero que a justiça seja feita. Paguei US$ 1.500 pelo meu nariz, e esse cara me deu uma cabeçada e o arruinou —acusou.

Em vídeo divulgado nas redes sociais no dia 7 de março, Romina havia anunciado que uma menina trans lhe contou que havia sido agredida por Orsi.

Orsi reagiu às declarações, o qual chamou de “absurdas”, e alertou que “é algo que não é contra uma pessoa, mas contra a democracia”.

— Essa pessoa está confusa, claro que não fui eu. Ou pior, seria ainda mais triste se alguém a estivesse usando — disse o pré-candidato em entrevista coletiva.

O pré-candidato disse ainda que ações como estas são “muito bem orquestradas” por uma “máfia internacional” com muito dinheiro. Pessoas próximas ao candidato mencionam o tráfico de drogas.

O processo eleitoral no Uruguai começará em 30 de junho com eleições internas do partido. As eleições presidenciais e legislativas serão em 27 de outubro, com eventual segundo turno em 24 de novembro.

Fonte: O Globo

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