Por que Israel atacou o Irã e o que se sabe do ataque israelense?

Clérigo muçulmano levanta um cartaz durante uma manifestação anti-Israel em Teerã
Clérigo muçulmano levanta um cartaz durante uma manifestação anti-Israel em Teerã — Foto: Atta Kenare/AFP

Israel lançou um ataque aéreo contra o Irã nesta sexta-feira (noite de quinta em Brasília), em uma resposta à ofensiva iraniana contra o território do país, no último sábado, com 330 mísseis e drones lançados por Teerã. Embora funcionários dos dois países tenham confirmado a ação, as principais autoridades políticas mantiveram discrição até o momento, sem um detalhamento dos ataques e da extensão dos danos provocados.

A quantidade exata de poder de fogo empregada no ataque ainda é imprecisa. A agência de notícias iraniana Fars noticiou “três explosões”: perto da base militar de Shekari, nos arredores do aeroporto de Isfahã e de Ghahjaworstan, também perto da cidade, no centro do país. Um porta-voz da agência espacial do Irã afirmou que a defesa antiaérea derrubou vários drones, mas que não detectou ataques com mísseis. Outra fonte mencionou que nenhuma aeronave inimiga foi detectada nos céus iranianos.

A extensão dos danos às instalações-alvo também não foram detalhadas. Analistas de programas de TV israelenses apontaram, na manhã de sexta, que os ataques não teriam causado grandes danos às estruturas iranianas. No Irã, o brigadeiro-general Siavash Mihandoust, oficial militar mais graduado da base da Força Aérea perto de Isfahã, declarou à mídia estatal que as explosões ouvidas na região nesta sexta partiram de sistemas de defesa aérea que estavam derrubando “objetos voadores”.

— [Explosões] foram causadas por disparos de nossa defesa aérea contra um objeto suspeito. Não houve danos causados pelo incidente — disse o general Abdolrahim Mousavi, comandante do Exército do Irã, acrescentando que uma investigação sobre o caso estava em curso.

Outra questão em aberto é de onde partiram os ataques. Quando o Irã atacou no sábado, os drones e mísseis disparados contra Israel foram lançados do próprio território — algo que analistas apontaram que teria uma dimensão simbólica de mostrar que Teerã tem tecnologia para chegar até o seu grande inimigo na região. Contudo, autoridades ouvidas em anonimato pela mídia internacional indicaram ser possível que os lançamentos desta quinta tenham partido de dentro do próprio território iraniano.

Durante a semana, fontes israelenses com acesso ao Gabinete de guerra israelense, único órgão com autorização para planejar e autorizar um ataque contra um inimigo, falaram sobre as possibilidades de resposta ao Irã sobre à mesa. Entre elas, havia tanto a ideia de um ataque a um alvo simbólico dentro do Irã, quanto a uma ação direcionada, com pequenos ataques dentro do Irã, incluindo assassinatos seletivos executados pelo Mossad (serviço de Inteligência). O ataque desta sexta foi no mesmo dia do aniversário do aiatolá Ali Khamenei, líder Supremo do Irã.

Havia preocupação também sobre um possível ataque israelense contra o programa nuclear iraniano, o que não se confirmou nesta quinta, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que disse que as plantas atômicas do país estavam intactas — embora uma das usinas conhecidas do Irã fique em Isfahã, a poucos quilômetros dos locais das explosões.

Mesmo sob pressão de aliados internacionais para não provocar uma escalada ainda maior com o Irã, Israel considerava como indispensável uma resposta ao ataque direto da nação persa, sobretudo para manter sua capacidade de dissuasão. Não fazer nada após a agressão iraniana poderia, segundo observadores da diplomacia, passar a mensagem a Teerã de novas ações do tipo poderiam voltar a acontecer sem uma reprimenda na mesma moeda.

Menos impactante do que a salva de drones e mísseis que cortou os ares do Golfo Pérsico e de países do Oriente Médio, a resposta israelense não foi totalmente aprovada dentro do país. O ministro da Segurança Interna, o extremista Itamar Ben-Gvir, não mencionou o ataque diretamente, mas fez uma publicação lacônica nas redes sociais pouco depois da confirmação das explosões, com a expressão em hebraico para “fraco”.

Correligionários do premier israelense, Benjamin Netanyahu, saíram a público, mesmo sem a confirmação oficial e pública do governo sobre a autoria, para dizer que se tratava de uma importante demonstração de força. Ao menos inicialmente, não há indícios de que a réplica de Israel vá gerar uma nova rodada de ataques entre os países. (Com AFP e NYT)

Fonte: O Globo

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