Polícia de Boston detém quase 100 e esvazia acampamento pró-Palestina em universidade nos EUA

Policiais tentam controlar protesto pró-Palestina na Universidade do Texas em Austin
Policiais tentam controlar protesto pró-Palestina na Universidade do Texas em Austin — Foto: Brandon Bell/ AFP

Quase 100 manifestantes pró-Palestina foram detidos, na manhã de sábado, no campus da Universidade Northeastern, em Boston, e o acampamento foi esvaziado pela polícia. Mais de 400 pessoas foram presas nas últimas semanas por atos a favor de um cessar-fogo em Gaza em instituições de ensino superior no país. Políticos americanos e organizações judaicas acusam os manifestantes de gestos antissemitas.

“Como parte da evacuação, quase 100 pessoas foram detidas pela polícia. Os estudantes que apresentaram o documento de identificação da Universidade Northeastern foram liberados (…) Aqueles que se negaram a comprovar o vínculo foram detidos”, afirmou o centro universitário na rede social X.

A universidade destacou que durante a noite de sexta-feira, os manifestantes proferiram “violentos insultos antissemitas”.

Desde a semana passada, protestos pró-palestinos se espalharam pelos campi das principais universidades dos Estados Unidos sob a liderança de estudantes que, além de defender o fim da guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, reivindicam que suas instituições de ensino rompam laços com o Estado judeu e com empresas que lucram com o conflito.

Na sexta-feira, as manifestações ultrapassaram as fronteiras dos EUA, chegando a Science Po, em Paris. A mobilização na instituição francesa terminou, porém, após a reitoria prometer organizar um debate interno e suspender os processos disciplinares contra alguns estudantes.

As primeiras manifestações começaram há um mês. Estudantes da Universidade Vanderbilt, em Nashville, Tennesse, acamparam no campus universitário em 26 de março. Um dia depois, alunos do Smith College, em Northampton, Massachusets, fizeram o mesmo no prédio da reitoria do campus, de acordo com informações da Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), ONG que acompanha casos de antissemitismo pelo mundo.

O perfil nacional dos protestos aumentou, contudo, em 17 de abril, quando estudantes da Universidade Columbia, em Nova York, ergueram acampamento no centro do campus. Columbia, uma prestigiada universidade de elite, é famosa pelo histórico de ativismo de seus estudantes ao longo de décadas. A instituição foi palco de protestos pelos direitos civis, contra a Guerra do Vietnã e contra o apartheid na África do Sul.

As manifestações cresceram desde então, contando com a adesão de estudantes das principais instituições de ensino dos EUA, como Harvard, Yale, Princeton e MIT.

Como um movimento descentralizado, as demandas são variadas. Contudo, algumas são compartilhadas e contam com o suporte de organizações estudantis nacionais, que mantêm certo nível de coerência entre os atos.

Além de protestar contra a guerra em Gaza e contra o que consideram o genocídio palestino cometido por Israel — mais de 34 mil pessoas morreram no enclave desde o começo da guerra, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, número contestado por Israel —, os estudantes exigem que suas universidades condenem o que se passa no enclave e que retirem investimentos feitos em empresas que lucram com a guerra em Gaza.

É o caso da Universidade Princeton, onde um dos panfletos distribuídos em um ato recente pedia que a instituição encerrasse pesquisas sobre armas de guerra “usadas para possibilitar genocídios”, dizia o texto, ao qual a CNN teve acesso.

Em outras instituições, além da retirada de investimentos de empresas privadas, os estudantes pedem o fim de vínculos e programas integrados a universidades israelenses. Em Columbia, por exemplo, os manifestantes querem que a universidade rompa os laços com o seu centro em Tel Aviv e com um programa de graduação dupla com a Universidade de Tel Aviv.

Com o começo da repressão policial aos acampamentos universitários, a mobilização estudantil também se voltou para uma questão interna: o direito à livre manifestação em solo americano. Em manifestações durante a semana, Biden disse ser a favor da liberdade de se manifestar, mas criticou o que classificou como gestos de antissemitismo.

Grupos de estudantes judeus também participam dos atos em determinadas instituições, ao passo que outros se dizem intimidados e que não têm comparecido aos campi.

Fonte: O Globo

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