Polícia apura se mãe suspeita de maus-tratos usou doações para fazer plástica; ‘O intuito era sempre arrecadar mais’, diz delegada

Igor Viana e Ana Santi com a filha
Igor Viana e Ana Santi com a filha — Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Goiás recebeu denúncias e apura se a influenciadora Ana Santi, de 22 anos, usou dinheiro de doações para a filha de dois anos, que tem paralisia cerebral, para fazer uma cirurgia plástica. Nesta terça-feira, o Conselho Tutelar de Anápolis encaminhou a menina Sophia para a casa dos avós paternos após Ana e o pai da criança, Igor Viana, de 24 anos, serem denunciados por maus-tratos.

A polícia recebeu algumas denúncias que indicam que os pais podem ter usado os recursos pedidos nas redes sociais para bens próprios. Além de procedimentos estéticos, o casal também teria arrecadado dinheiro para uma geladeira que, posteriormente, foi doada para eles. Apesar disso, não houve devolução dos recursos ou prestação de contas.

— Houve denúncias nesse sentido. A mãe foi ouvida ontem, e nega essa informação. Afirma que só fez um procedimento, por parceria. Eles também teriam ganhado uma geladeira de uma seguidora e não publicaram isso. Ficaram com o dinheiro, falando que compraram a geladeira, quando na verdade ganharam uma. Outras pessoas serão ouvidas hoje a fim de esclarecermos esse e outros pontos. O intuito era sempre arrecadar mais e mais, mesmo que fosse enganando os seguidores — afirmou ao GLOBO a delegada Aline Cardoso, responsável pelo caso em Anápolis.

Segundo a delegada, embora o casal negue as acusações — ela em depoimento, e ele em entrevista — há muitos pontos que depõem contra Igor e Ana. Em um dos vídeos investigados, Igor chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado. Essa foi uma das frases que viralizaram e chegaram até a Polícia Civil de Goiás, que também recebeu denúncias de que a menina não estaria sendo bem cuidada, estava sendo negligenciada e não possuía condições de higiene.

Em posicionamento sobre o caso, Igor disse que não era “obrigado” a usar o dinheiro que os doadores enviaram à filha. “Eu também tenho necessidade de serem supridas. Também sou um ser humano”, afirmou.

— O principal é o fato de que eles afirmam terem feito um acordo, para produção de um conteúdo que gerasse mais engajamento, e consequentemente maior monetização, mesmo às custas do constrangimento da filha. Os dois simulavam brigas na internet, muitas vezes na presença da filha, para chamar a atenção — disse a delegada.

Os pais de Igor, que agora cuidam da menina, ficaram em choque no momento em que foram contatados pelo Conselho Tutelar e contaram que Igor havia proibido o contato dos avós com a menina. Em depoimento, a avó paterna afirmou que não concordava com as atitudes do filho, mas que ele justificava produzir esse tipo de “conteúdo agressivo” para gerar mais renda para o tratamento.

Segundo o Conselho Tutelar, o influenciador tentou impedir a ação dos agentes, ensaiou uma fuga com a criança e foi necessário chamar a Polícia Militar para auxiliar na operação. Na tentativa de convencer os conselheiros de que poderia ficar com a criança, Igor usou “artimanhas de influenciador” e chegou ao ponto de imitar a criança com gestos e caretas.

— A mãe não tem nenhum trabalho fixo, afirmou que se fosse celetista, não conseguiria arcar com as despesas da menina. Questionei sobre como ela mantém as despesas dela, e ela respondeu que seria com o dinheiro que eles receberiam das doações. Tudo isso será investigado pela Civil. Sobre a menina, ela continua na casa dos avós paternos, que estão dando continuidade ao tratamento e levando nas sessões de fisioterapia e fono — contou ao GLOBO Grazielle Ramos, do Conselho Tutelar de Anápolis.

A investigação começou na última quinta-feira (20), em Anápolis, após denúncias de que a menina estava sendo negligenciada. Em vídeos nas redes, o pai compartilhava a rotina da filha com deboche e ironia sobre a paralisia cerebral. Em um dos vídeos investigados, ele chama a filha de inútil após pedir que ela vá ao mercado.

Igor passou a ser suspeito de maus-tratos e por causar constrangimento à criança. Mas novas denúncias continuaram chegando à polícia, alegando que o dinheiro doado pelos seguidores também era desviado para benefício dos pais.

Fonte: O Globo

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