Plano Nacional de Educação completa dez anos sem atingir nenhuma meta completamente

Alunos da UFRJ tivera aulas suspensas após muro da Escola de Educação Física desabar
Alunos da UFRJ tivera aulas suspensas após muro da Escola de Educação Física desabar — Foto: Márcia Foletto/ Agência O GLOBO

O Plano Nacional de Educação (PNE) completa nesta terça-feira uma década de sua promulgação sem atingir plenamente nenhuma de suas 20 metas. Ele está valendo até o final do ano, e seu substituto está em formulação no Ministério da Educação.

Levantamento realizado em 2023 pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostra que apenas três das metas foram pelo menos parcialmente atingidas. Entre elas, estão a de formação de mestres, a quantidade de professores de ensino superior com mestrado e a expansão da rede pública na oferta de educação profissional.

Veja os detalhes abaixo.

1A – Pelo menos 50% das crianças até 3 anos na creche

1B – 100% das crianças de 4 a 5 anos na pré-escola

2A – Educação fundamental de 9 anos para 95% dos alunos de 6 a 14 anos

2B – 95% das crianças a partir de 16 anos com o ensino fundamental completo

3A – 100% da população de 15 a 17 anos que frequenta escola ou que já concluiu a educação básica

3B – 85% da população de 15 a 17 anos frequentando o Ensino Médio ou possuir Educação Básica Completa

4A – Percentual da população de 4 a 17 anos com deficiência que frequenta a escola (2010)

4B – 100% dos alunos de 4 a 17 anos com necessidades especiais que frequentarem classes comuns

5A – 100% das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental atingirem proficiência adequada em leitura

5B – 100% das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental atingirem proficiência adequada em escrita

5C- 100% das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental com proficiência adequada em matemática

6A – 50% das escolas oferecendo jornada de tempo integral

6B – 25% de alunos da Educação Básica pública que pertencem ao público alvo da ETI e que estão em jornada de tempo integral

7A – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – Anos Iniciais

7B – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – Anos Finais

7C- Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – Ensino Médio

8A – Escolaridade média, em anos de estudo, da população de 18 a 29 anos – Campo

8B – Escolaridade média, em anos de estudo, da população de 18 a 29 anos – 25% mais pobres

8C – Escolaridade média, em anos de estudo, da população de 18 a 29 anos – Nordeste

8D – Escolaridade média, em anos de estudo, da população negra de 18 a 29 anos, como porcentagem da média dos não-negros

9A – Porcentagem de pessoas que declaram saber ler e escrever

9B – Meta de redução para 13,5% da taxa de analfabetismo funcional na população de 15 a 64 anos.

10 – 25% de matrículas de EJA integradas à educação profissional

11A – 200% na expansão nas matrículas EPTNM em relação a 2013

11B – 50% da participação da rede pública na expansão das matrículas na EPTNM

12A – 50% de matrículas na Educação Superior em relação à população de 18 a 24 anos

12B – 33% da população de 18 a 24 anos frequentar ou já ter concluído cursos de graduação

12C – 40% da rede pública matriculada no Ensino Superior

13A – 75% de docentes em exercício no Ensino Superior com mestrado ou doutorado

13B – 35% de docentes em exercício no Ensino Superior com doutorado

14A – 60 mil mestres titulados

14B – 25 mil doutores titulados

15A – 100% no número de docências com professores cuja formação superior está adequada à área de conhecimento que lecionam – Educação Infantil

15B – 100% no número de docências com professores cuja formação superior está adequada à área de conhecimento que lecionam – Anos Iniciais

15C – 100% no número de docências com professores cuja formação superior está adequada à área de conhecimento que lecionam – Anos Finais

15D – 100% no número de docências com professores cuja formação superior está adequada à área de conhecimento que lecionam – Ensino Médio

16A – 50% dos professores da Educação Básica com pós-graduação

16B – 100% dos professores da Educação Básica que realizaram cursos de formação continuada

17 – 100% no rendimento médio dos docentes com ensino superior completo das redes públicas, como porcentagem do rendimento dos demais profissionais com a mesma escolaridade

18A – Planos de carreira para profissionias das unidades federativas

18B – Planos de carreira para profissionias das unidades federativas nos municípios

19A – 100% das escolas públicas selecionarem diretores por meio de processo seletivo qualificado e eleição com participação da comunidade escolar

19B – Atingir 100% o número de colegiados intraescolares existentes nas escolas públicas brasileiras

19C – Percentual de colegiados extraescolares que existem e recebem apoio de infraestrutura e formação nas unidades federativas

19D – Percentual de colegiados extraescolares que existem e recebem apoio de infraestrutura e formação nos municípios

19E – Percentual de colegiados extraescolares existentes nas unidades federativas

19F – Percentual de colegiados extraescolares existentes nos municípios

20A – 10% em gasto público em educação pública, em proporção do PIB

20B – 10% em gasto público em educação, em proporção do PIB

Algumas metas chegaram a atingir objetivos intermediários, mas perderam fôlego nos últimos anos, como a nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), e outros objetivos fundamentais nunca tiveram perto de serem atingidos, como pelo menos 25% das matrículas em turmas de tempo integral, 50% de crianças com até 3 anos na creche e universalização da pré-escola.

— O próximo plano precisa ter metas intermediárias e indicadores que guiem o caminho a ser percorrido para garantir os direitos das crianças de 0 a 6 anos — defende Marina Fragata, diretora de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

O atual Plano Nacional de Educação foi aprovado em 2014 depois de quatro anos de debates no Congresso. Já a construção do novo plano teve seu primeiro esboço aprovado em janeiro de 2024 durante a Conferência Nacional de Educação (Conae). O evento gerou uma enorme polarização por incluir em seu documento de referência pontos como a defesa de ações de diversidade nas escolas e críticas aos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro.

O documento foi entregue ao MEC apenas em 5 de março, que prometeu liberar o texto em 30 dias. No entanto, ele ainda não foi divulgado.

Por isso, ganhou força no Congresso a ideia de prorrogação do atual PNE. O Senado já aprovou sua a prorrogação até dezembro de 2025. Agora, vai à análise na Câmara. A ideia não era apoiada pelo Ministério da Educação. No entanto, o governo se comprometeu no começo desse mês a apoiar a pauta entre os deputados.

Fonte: O Globo

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