Picada de aranha, amputação, ‘ferida não especificada’: lesão sofrida na cadeia por ex-apresentador vira mistério em SP

Marcelo Carrião: ex-apresentador do SBT foi preso por suspeita de tráfico de drogas
Marcelo Carrião: ex-apresentador do SBT foi preso por suspeita de tráfico de drogas — Foto: Reprodução / SBT

Um ferimento na perna sofrido pelo ex-apresentador de telejornal Marcelo Carrião, de 51 anos, acabou se tornando cerne de um mistério no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, em São Paulo. Isso porque, após a defesa do detento chegar a cogitar a possibilidade de que ele poderia perder a perna por conta de uma suposta picada de aranha venenosa na cela, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de SP agora nega que ele tenha sido ferido pelo inseto. Os advogados afirmam ainda que não conseguem ter acesso ao prontuário médico. O jornalista foi preso no mês passado, suspeito de participar de um esquema de “disque-drogas” do tráfico na Baixada Santista.

A SAP afirma que Carrião recebeu pronto atendimento por parte da direção do presídio assim que solicitado pela defesa. Acrescenta que ele foi conduzido ao pronto-socorro no início da tarde da última segunda-feira (18), onde foi descartada a possibilidade de picada por aranha. No entanto, a pasta afirma que o diagnóstico foi de “ferimento não especificado”, e que os exames afastavam a necessidade de procedimento cirúrgico “por não haver sinais de necrose e nem edema”. Conclui que, logo depois, o ex-apresentador recebeu alta médica para retorno à unidade prisional.

— A minha equipe, durante atendimento pessoal, verificou que ele estava com um machucado bem feio na perna que, segundo ele, teria sido resultado de uma picada de aranha. Em razão disso, nós solicitamos que ele fosse conduzido ao atendimento médico. Mas, após esse atendimento, nós não tivemos acesso ao prontuário. A SAP afirma que não era picada de aranha, mas não diz se era de outro inseto, como um escorpião, não traz nenhuma justificativa — contesta o advogado do preso, Marcelo Cruz.

Após a alta, a defesa solicitou transferência do ex-apresentador do SBT para o Centro de Detenção Provisório 2 de Guarulhos. O advogado, no entanto, diz não ter informações sobre o estado de saúde de seu cliente. Questionado sobre a declaração dada ao portal g1, sobre risco de amputação da perna, ele disse que já foi descartado e que era “apenas uma preocupação da família”.

— É muito importante que a defesa tenha acesso ao prontuário, para que possamos verificar evidentemente qual tipo de lesão ele tem, se tem gravidade ou não, e até o momento não tivemos acesso ao referido documento, o que mostra de forma clara o desequilíbrio de desfavorecimento à defesa. Conseguimos a transferência dele, mas só com o prontuário poderemos saber se o local, que apresenta condições um pouco melhores de atendimento, tem condições para tratar da lesão.

A reportagem também questionou a SAP sobre a queixa do advogado, que afirma não ter acesso ao prontuário médico de Carrião, mas até a publicação não obteve um retorno.

Preso em Santos, no litoral de São Paulo, por suspeita de integrar uma quadrilha de tráfico de drogas especializada na modalidade “disque-drogas” — com entregas a domicílio de entorpecentes —, o repórter e ex-apresentador Marcelo Roberto Ferreira Carrião, de 51 anos, trabalhava como jornalista há pelo menos três décadas na TV até acabar se tornando alvo da Operação Domo de Ferro, da Polícia Civil. Segundo as investigações, ele seria responsável por fornecer substâncias ilegais para a organização criminosa, mas a defesa sustenta que a droga encontrada com ele seria para “consumo próprio”.

De acordo com as informações que constam em seu currículo, ele se formou em 1995 em Comunicação Social (Jornalismo) na Universidade Católica de Santos. Antes disso, já havia começado a trabalhar, dois anos antes, na TV Mar, afiliada da TV Manchete, onde diz ter ficado até 2005.

Ele informa ainda ter trabalhado entre 2005 e 2011 na Rede Record, até chegar em 2012 ao SBT, última emissora por onde teria passado. Por lá, trabalhou em reportagens e entradas ao vivo e figurou também como âncora do “SBT Notícias”. Seu último registro no ar publicado no canal do YouTube da emissora foi em 2018.

A Polícia Civil afirmou à época, no fim de fevereiro, que, ao todo, nove pessoas foram presas na chamada “Operação Domo de Ferro”— incluindo o ex-apresentador de telejornais. A instituição define a ação, realizada pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), do Departamento de Polícia de Interior de Santos (Deinter 6), como “um golpe significativo contra o tráfico de drogas”.

Fonte: O Globo

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