Pesquisador aponta evidências de que lixo foi usado para encobrir ‘misterioso’ submarino nazista na Argentina; fotos

Convés fotografado na expedição
Convés fotografado na expedição — Foto: Reprodução

Detritos foram lançados deliberadamente para encobrir um submarino nazista afundado de propósito após o desembarque “secreto” de seus ocupantes na Argentina. Esta é a hipótese defendida pelo jornalista e historiador Abel Basti, referência do grupo Eslabón Perdido, que descobriu os restos da nave, a cerca de quatro quilômetros da costa do país.

Em mais de uma expedição ao local dos destroços do submarino, Basti afirma ter encontrado toneladas de sucatas de metal, como vigas e pedaços de estruturas. O lixo teria sido jogado em mar aberto, na direção da nave, com o objetivo “evidente” de esconder ou dificultar o acesso ao “misterioso” transporte submarino.

— Não faz o menor sentido gastar dinheiro para transportar sucata por quilômetros mar adentro, além do que lançar lixo no mar é algo ilegal. Mas, aparentemente, foi o que foi feito. E justamente sobre o naufrágio. Isso certamente não foi uma coincidência — afirma Basti, para quem os detritos desafiam a identificação do submarino.

Segundo Basti, as sucatas não estavam no local quando houve uma expedição até lá em junho de 2022. Além disso, as estruturas não estão cobertas de algas e incrustações marinhas, como seria natural em objetos que estivessem debaixo d’água por um período prolongado.

— Foi um ato proposital, com certeza. Não sei dizer quem o fez, nem posso fazer especulações — destacou o pesquisador. — Espero que esse caso seja investigado.

Para tentar contornar as dificuldades de identificar o submarino em meio ao lixo, Basti aponta a importância das oito horas de filmagens no local. O grupo busca detalhes nas imagens que comprovem a origem do veículo.

A nova expedição que, em abril, buscava esclarecimentos sobre a presença de um submarino nazista afundado a quase 30 metros de profundidade e em frente às praias da vizinha localidade de Quequén teve como principal descoberta a aparição de “escombros metálicos” sobre o convés e imediações, material que não foi observado em imagens obtidas durante o levantamento realizado anteriormente por mergulhadores da Prefeitura Naval Argentina para verificar se existia o casco.

— São estruturas tubulares e modulares, de várias toneladas e sem incrustações ou aderências de flora e fauna, o que denuncia sua presença recente nessas profundidades e exatamente sobre a localização do submarino — assegura Basti.

Isso alimenta suspeitas e especulações: “Para nós, essa situação confirma a importância do naufrágio que constatamos”.

Basti compartilhou com o LA NACIÓN uma série de fotografias que permitiriam identificar, em comparação com detalhes de imagens originais de submarinos da Segunda Guerra Mundial, que a uma profundidade de 28 metros está uma das unidades utilizadas pela frota nazista na época.

Com a contribuição profissional de engenheiros, não apenas confirmam as características daquela embarcação, mas também observam indícios claros de que afundou devido a explosões. A hipótese sugere uma tripulação que teria chegado à terra antes de testemunhar a destruição da embarcação, que tinha quase 80 metros de comprimento.

O Eslabón Perdido divulgou como primeira imagem relevante obtida nesta última expedição aquela capturada com um sonar que permite visualizar o casco e o que eles entendem ser o resto do periscópio do submarino. E outra que mostra essa novidade que significou encontrar “lixo” espalhado sobre e ao redor do navio.

Eles trabalharam com dois sonares e um robô submarino que gravou de perto esses destroços submersos, material que eles garantem estar processando e sobre o qual em breve fornecerão mais detalhes. Atualmente dificultado, insistem, por esse lixo.

As fotos comparativas compartilhadas pelo Eslabón Perdido com o LA NACIÓN permitiriam observar o periscópio, a torreta, a placa de identificação e até mesmo uma peça de canhão. Também o chamado borbotim, o compartimento de carga de torpedos e a escotilha, entre outros detalhes apontados.

— O ideal seria chegar e pegar peças pequenas que permitiriam verificar com precisão — disse Basti sobre um objetivo que está em aberto.

Como já foi informado, estão em contato com o especialista italiano Fabio Bisciotti, que tem longa experiência em restos de naufrágios da Segunda Guerra Mundial identificados em profundidades do Mediterrâneo e mostrou grande interesse neste caso de Quequén.

— Há 100% de certeza de que esse naufrágio é um submarino militar e mais de 90% de certeza de que é alemão — disse ao LA NACIÓN, depois de ver as primeiras imagens que lhe foram enviadas dos registros feitos pela Prefeitura Naval Argentina.

A descoberta foi comunicada e apresentada às autoridades pelo Eslabón Perdido. Apesar do tamanho do casco e da proximidade com a costa, com uma intensa atividade operacional do próximo porto de Quequén, esses destroços não estavam nas cartas náuticas que são fundamentais para uma navegação segura.

Uma investigação que teve origem na história de um suposto desembarque há meio século nessas costas do partido de Lobería. Basti e sua equipe avançaram o suficiente para chegar ao ponto exato e confirmar que, conforme lhes detalharam em terra, nessa profundidade havia restos de uma embarcação.

A Prefeitura Naval Argentina realizou sua inspeção no local em junho de 2022, com um relatório final que, como resultado do trabalho de mergulhadores e uma equipe de câmera subaquática, permitia confirmar que havia no leito marinho uma estrutura ferrosa unida por solda elétrica “espalhada em uma área de 80 metros de comprimento por 10 de largura”. E esclarece que está em estado avançado de corrosão e soterramento. Mas nunca identifica ou menciona que se trata de um navio, muito menos de que tipo.

Fonte: O Globo

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