No ano passado, os Parques Nacionais receberam 11,8 milhões de visitas, número 15% maior que 2022 e um recorde na série histórica, iniciada em 2000. O monitoramento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostra que os campeões da lista foram os parques da Tijuca (RJ), do Iguaçu (PR) e de Jericoacoara (CE). Segundo ecologistas e a Embratur, a alta se deve à melhoria das estruturas e ao aumento de interesse sobre áreas naturais e do ecoturismo no pós-pandemia.
Pela primeira vez, um parque superou o número de 4 milhões de visitas. Foi o caso do Parque Nacional da Tijuca, que recebeu 4,4 milhões de visitas – em 2022, a quantidade tinha sido 3,5 milhões.
Diretora-executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, Angela Kuczach acredita que, após o período de isolamento na pandemia, aumentou o interesse em visitas às áreas naturais brasileiras, principalmente num momento de alta dos preços de viagens internacionais.
— Então a gente tem descoberto que o Brasil é lindo, né? Isso é muito interessante, porque a gente vive falando que o turismo de natureza no Brasil tem um potencial enorme, e de repente parece que o povo brasileiro começou a descobrir que realmente é legal viajar no Brasil — afirma a especialista, que destaca que muitos parques ficam próximos aos centros urbanos, uma vantagem da geografia do país. — Perto do grande centro há uma região de natureza exuberante, seja no interior ou no litoral. São visitas que não exigem grande planejamento de férias. Podemos fazer em volta da nossa casa.
Kuczach também aponta a melhoria de estruturas de muitos parques para visitas. Além do governo Lula ter aumentado o orçamento do Ministério do Meio Ambiente, que cuida do ICMBio, muitos parques foram concedidos à iniciativa privada, em contratos que preveem investimentos estruturais, como os parques de Jericoacara e Lençóis Maranhenses, concedidos em 2018. Já o Parque de Iguaçu, que já era concedido, teve novo contrato assinado em 2022.
— O visitante quer uma área com acesso a trilhas com boa acessibilidade, com segurança, banheiros, ambiente de alimentação, e com setor de hotelaria presente no entorno.
A divulgação dos Parques Nacionais vem sendo um dos focos das campanhas da Embratur. Ano passado, a pasta assinou um acordo de cooperação técnica com o ICMBio e os ministérios do Meio Ambiente e Turismo, com foco na qualificação da infraestrutura e serviços, e promoção internacional do turismo nessas unidades.
— Uma das estratégias centrais da Embratur é a de diversificação dos destinos e experiências. Em nossas campanhas publicitárias, nas feiras de turismo, nas viagens em que convidamos jornalistas e agências de viagens estrangeiros para conhecer o Brasil, optamos por apresentar o Brasil para além do óbvio. Temos sol e praia o ano todo, mas também muita natureza, cultura e gastronomia em todo o país. E um dos segmentos que mais ganharam destaque foi o ecoturismo. Havia uma demanda reprimida com esse perfil — explicou Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Um dos maiores parques urbanos do mundo, abriga o Cristo Redentor, no topo do Corcovado, uma das principais explicações para o número alto de visitantes do mundo inteiro. Além disso, a área tem como atrativos cachoeiras diversas, trilhas e recebe muitos praticantes de montanhismo e ciclismo.
Segundo o analista ambiental Leonardo Freitas, da equipe de uso público do Parque Nacional da Tijuca, o aumento de cerca de 25% na visitação em 2023 aconteceu de forma bem distribuída em toda a unidade. A Floresta da Tijuca e o Parque Lage, setores onde não há cobrança de ingresso, receberam cerca de 30% a mais de visitantes que em 2022, enquanto o Corcovado e a Vista Chinesa aumentaram seu público em 27% e 15%.
É conhecido mundialmente pelas Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo. No parque há trilhas e passeios de barco por uma floresta habitada por grande variedade de fauna e flora.
Em 2022, o Consórcio Novo PNI venceu o leilão para gerir o Parque Iguaçu até 2052. O contrato prevê R$500 milhões de investimentos em infraestruturas, além de uma operação que deve custar R$3 bilhões durante o contrato. Um dos principais objetivos da nova gestão é aumentar a estrutura de visitação.
Uma das principais atrações do Nordeste, esteve entre os dez destinos turísticos mais procurados por brasileiros no Google. O parque abrange a área das dunas, das praias, lagoas, além da Pedra Furada, cartão-postal pelo famoso pôr do sol. Jericoacoara também atrai muitos praticantes de esportes náuticos, como windsurf.
Com quase 106 mil hectares, o Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) é uma das maiores áreas protegidas da Mata Atlântica. Fica na divisa entre Rio e São Paulo, na chamada Serra do Mar. Ao longo do parque, a altura chega a até 2 mil metros em relação ao nível do mar, o que garante paisagens diversificadas e rica biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas.
Entre os pontos mais famosos de visitação estão o Caminho de Mambucaba (Trilha do Ouro), as cachoeiras de Santo Isidro, das Posses e do Veado, a Pedra do Frade, Pedra da Macela e a Praia do Caixa D’Aço, em Trindade.
O famoso arquipélago é considerado um paraíso da biodiversidade marinha, e abriga diversas espécies ameaçadas de extinção, principalmente tartarugas. As águas cristalinas atraem muitos turistas e praticantes de mergulho.
No ano passado, a Praia do Sancho, uma das principais do arquipélago, foi eleita a “melhor praia do mundo”, pelo site TripAdvisor. O parque tem uma área de 10.929 hectares e possui controle e limites de visitantes.
Dono de um visual único formado pelas chuvas, com lagoas de água entre as dunas de areia branca, o parque é o maior campo de dunas do Brasil. Seus 155 mil hectares estão inseridos no Cerrado, mas há influência também da Caatinga e da Amazônia.
Três cidades – Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz – dividem o parque. O período ideal para visitas é entre maio e setembro, por causa das formações de lagoas.
Mais do que o atrativo natural, o Monte Pascoal é reconhecido pelo seu valor histórico, pois abrange a primeira porção de terra do Brasil avistada pelos navegadores portugueses. O parque tem presença de população indígena da etnia Pataxó e faz parte do Patrimônio Mundial Natural da UNESCO da Costa do Descobrimento. Além do contexto, atrai visitantes pelas trilhas, rios e praias.
Parque com 42 mil hectares, criado em 1961, fica a apenas 10 quilômetros da área central de Brasília. Situado no cerrado, abriga pelo menos oito espécies ameaçadas de extinção, com destaque ao tamanduá-bandeira, um símbolo nacional.
Situado no Ceará, o parque atrai muitos visitantes e pesquisadores por reunir, num espaço próximo, dois ecossistemas muito diferentes: mata úmida e mata seca. Por isso é muito rico em biodiversidade, com presença de fauna e flora típicos dos dois ambientes.
Criado em 30 de novembro de 1939, é o terceiro parque mais antigo do país. Abriga mais de 2.800 espécies de plantas, 462 espécies de aves, 105 de mamíferos e 130 animais ameaçados de extinção, além de muitas espécies endêmicas (que só ocorrem neste local). Conhecido pelo Dedo de Deus, um marco do montanhismo no país, o parque atrai muitos observadores de pássaros.
Possui uma famosa rede de trilhas, escaladas, rapel e muitas cachoeiras. Sua área de 20 mil hectares passa por Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim.
Fonte: O Globo