Paralisação de anestesistas pode afetar até 116 cirurgias por dia

As cirurgias eletivas que contam com o trabalho de profissionais da Cooperativa dos Anestesiologistas do Rio Grande do Norte (Coopanest-RN) pelo sistema de saúde pública estão suspensas no estado. A medida decorre da paralisação indeterminada dos anestesistas, iniciada nessa quinta-feira (15) em virtude do atraso no pagamento de contratos em parcerias com a Prefeitura do Natal e o Governo do RN. Na rotina normal, os profissionais da cooperativa trabalham, em média, em 116 procedimentos cirúrgicos, dos quais os casos emergenciais são os únicos que estão mantidos.

Na paralisação, a cooperativa informou que os atendimentos em escala de plantão estarão mantidos e garantiu que nenhuma cirurgia  de urgência e emergência estará desassistida dos anestesiologistas. No entanto, todas as cirurgias eletivas feitas pelos profissionais através do Sistema Único de Saúde ficarão suspensas enquanto durar a paralisação.

A medida vale para unidades públicas que contem com os anestesiologistas cooperados e também hospitais privados que tenham contrato pelo SUS com a Coopanest. Entre as unidades afetadas, estão a Liga Contra o Câncer, os hospitais Memorial São Francisco, Rio Grande, Hospital do Coração, Instituto do Coração (Incor) e a Prontoclínica Paulo Gurgel.

Dentre os valores de pagamentos atrasados à cooperativa, está o parcelamento de uma dívida com o governo estadual ainda do ano passado, segundo o presidente da Coopanest, Vinícius da Luz. “Esses atrasos perfazem, inclusive, parte do parcelamento do início do ano de 2021. Em acordo, o valor foi dividido em 14 parcelas, e a última, no valor de R$ 230 mil não foi quitada ainda”, disse.

No total, a quantia em débito com a cooperativa chega aos R$ 2,8 milhões, entre valores devidos pela governos municipal e estadual. De acordo com a Coopenast, a última folha de pagamentos dos anestesiologistas foi paga no mês de junho. O mês de julho está em atraso e, no cronograma de pagamentos, o dinheiro dos salários referentes ao mês de agosto tem vencimento nos próximos dias, o que tem preocupado o presidente Vinícius da Luz.

“As parcelas de agosto já estão muito próximas de vencer, no dia 23 vence uma e 30, a outra. Aí essa soma de débitos vai para R$4,9 milhões e até o momento não temos previsão de pagamento por nenhuma das secretarias. Quando fizemos o último pagamento aos médicos, em junho, nós já tivemos que usar dinheiro do fluxo de caixa interno para completar a nota. Está insustentável, assim realmente não tem como”, afirmou o presidente da Coopanest.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap) disse que depositou uma parcela mensal na quarta-feira (14) e que está trabalhando para  encontrar os meios necessários de atualizar o pagamento junto à representante dos anestesiologistas.

A Coopanest iniciou o movimento paredista nessa quinta-feira (15) após ter encaminhado ofícios aos secretários de Saúde de Natal e do Rio Grande do Norte comunicando a suspensão dos atendimentos. Em nota, entidade citava omissão do poder público em provocar o diálogo para resolução do problema.

Reunião entre as partes não tem data marcada

A Coopanest aguarda uma reunião com as secretarias de Saúde do estado e do município, para tentar acordar uma previsão de pagamento do dinheiro atrasado e assim dar um fim à paralisação dos anesteseologistas. O presidente da cooperativa, Vinícius da Luz, reforçou na manhã dessa quinta-feira (15) que ainda não havia recebido retorno das pastas sobre uma solicitação de diálogo sobre o problema.

Em contato com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Sesap disse que está trabalhando para encontrar os meios necessários de atualizar o pagamento junto à Coopenast, tanto com relação ao contrato em parceria com a Prefeitura de Natal como nos contratos diretos com a cooperativa. A pasta adiantou que deve reunir-se com os representantes dos anestesiologistas e a gestão municipal da capital potiguar ainda esta semana para discutir saídas para a questão.

A Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) também foi procurada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, mas não deu resposta sobre o assunto até a publicação desta matéria.

Sesap muda direção do Walfredo Gurgel

Após 10 anos, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, maior unidade hospitalar do Rio Grande do Norte, mudou sua direção-geral. A médica-cirurgiã Maria da Fátima Pereira Pinheiro deixou o cargo para o lugar do  médico Endocrinologista e Intensivista,  Tadeu Alencar Fonseca de Queiroz. Os outros três cargos que compõem o corpo diretor do hospital também foram trocados. A mudança foi decidida em comum acordo entre a Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap) e os servidores.

A médica Maria de Fátima frisou que todo ciclo tem início, meio e fim, destacando que esse era o seu momento de despedida. Ela agradeceu à Sesap, negou qualquer ressentimento nesse período e se diz realizada com os serviços prestados no hospital ao longo de uma década.

“Agora eu vou trabalhar em outros cantos. Para aqui, para o Rio Grande do Norte, eu acho que eu contribuí. Tadeu está chegando aí com muita vontade de traballhar e sangue novo é muito bom. Eu vou continuar trabalhando em outros hospitais, agora eu vou à caça de mais plantões, só isso”, brincou Maria de Fátima. Momentaneamente, ela também auxilia a nova diretoria nesse período de transição.

Bem relacionado com ela, o novo diretor-geral, TadeuAlencar, trabalha no Walfredo Gurgel há 12 anos. Ele já chefiou a clínica médica, diretor do pronto-socorro e  diretor técnico do hospital. Essa experiência em gestão faz com que a chegada ao mais alto posto da unidade seja mais fácil manter o andamento, segundo ele. Como próximos passos, ele quer diminuir as deficiências da unidade e manter a melhor organização possível para prestar o melhor atendimento.

“A nossa missão é prestar o cuidado da melhor maneira possível à população do Rio Grande do Norte, no tocante ao trauma, as emergências, as cirurgias em geral e ao ensino também”, disse o novo diretor-geral do Walfredo Gurgel.

Ele terá ao seu lado, como diretor médico, o médico especialista em reumatologia e terapia intensiva Rafael Costa. No hospital desde 2018, ele cita desafios de conviver com greves e das questões de experiência que uma nova diretoria tem de lidar. Ao mesmo tempo, busca exemplos no seu estado de origem, o Ceará, para implementar no maior hospital público potiguar e quer aprimorar protocolos para aperfeiçoar os atendimentos.

“Minha mãe diz assim: ‘meu filho, você é muito bom tratando pacientes’. E eu respondia para ela: ‘imagine eu entregando uma forma em que todos vão tratar dessa maneira’. Eu já vinha fazendo esse trabalho e quero continuar com um plano de formação continuada que já venho desenvolvendo”, detalhou o novo diretor médico.

A nova diretoria também conta com  Márcia Marques da Silva Lima, como diretora  administrativa, e Ana Cláudia Correia Santos das Chagas, na direção técnica.

Tribuna do Norte

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