Pandas nascidos no exterior estão ajudando a China a aumentar a população selvagem; entenda

Panda Le Sheng
Panda Le Sheng — Foto: Pedro PARDO / AFP

Durante anos, eles encantaram milhões de pessoas ao redor do mundo com sua pelagem preta e branca e seus gestos desajeitados, mas agora os pandas gigantes nascidos no exterior estão se adaptando à sua nova vida na China.

Esses mamíferos são emprestados a zoológicos no exterior como parte da “diplomacia do panda” de Pequim, e alguns de seus descendentes retornam à China anos depois de nascerem para participar dos programas de reprodução.

Sentados em ambientes verdes nos centros de conservação no sudoeste da China, mastigando bambu, os pandas não têm consciência de seu papel diplomático, nem do papel crucial que poderiam desempenhar na salvaguarda de sua espécie da extinção.

“Nosso trabalho é muito intenso e urgente; precisamos repor a população de pandas selvagens com os que estão em cativeiro”, disse aos jornalistas Zhang Hemin, especialista do Centro Chinês de Conservação e Pesquisa do Panda Gigante.

Ao fundo, o panda Bei Bei, nascido nos Estados Unidos, escolhia galhos de bambu em seu espaço de vida em Ya’an, na província de Sichuan.

“Após o quarto censo nacional de pandas gigantes, descobrimos que nossa população selvagem está dividida em 33 populações, mas 22 delas são relativamente pequenas”, explicou. “Se não ajudarmos, eles poderão estar em risco de extinção nos próximos 30 a 50 anos”.

Os pandas, nativos das regiões montanhosas das províncias de Sichuan, Shanxi e Gansu, foram colocados em cativeiro na década de 1980 para protegê-los da fome, disse Qi Dunwu, do Centro de Pesquisa de Dujiangyan para Reintrodução e Reprodução.

A maioria foi liberada e um programa de reprodução ajudou a aumentar sua população para mais de 700, segundo Zhang.

Qi afirmou que desde 2003, 12 pandas em cativeiro foram reintroduzidos na natureza e 10 deles sobreviveram. No entanto, a pandemia de covid-19 forçou a suspensão desse programa por cinco anos. Além de preparar os animais para os perigos da vida selvagem, as autoridades precisam garantir que eles cheguem a um habitat com bambu e espaço suficientes, acrescentou Qi.

Estima-se que restem cerca de 1.860 pandas selvagens, de acordo com o grupo ambientalista WWF. Mas esses animais, que foram retirados da lista de espécies em perigo da União Internacional para a Conservação da Natureza em 2016, enfrentam sérias ameaças de perda e fragmentação de seu habitat.

As autoridades estão trabalhando para conectar habitats para permitir que os pandas interajam e se reproduzam, com mais de 40 reservas naturais agrupadas para formar o Parque Nacional dos Pandas Gigantes, que abrange quase 22.000 quilômetros quadrados.

Os esforços de conservação são financiados em parte por zoológicos estrangeiros, que pagam milhões de dólares à China para receber pandas em empréstimo. Os zoológicos esperam que esses ursos se tornem atrações principais que atraiam mais visitantes, enquanto a China se beneficia ao projetar uma imagem mais positiva.

Ao mesmo tempo, as flutuações nas relações diplomáticas levaram a China a recuperar vários pandas após o término dos empréstimos. Os únicos pandas do Reino Unido, Tian Tian e Yang Guang, partiram da Escócia em dezembro após 12 anos.

Outros três pandas de Washington retornarão à China em novembro. Outros estão saindo da China. O governo anunciou em fevereiro que assinou acordos para enviar pandas para San Diego, e mais dois irão este ano para Washington.

Em Ya’an, a panda Fan Xing, nascida nos Países Baixos e chegada à China em setembro, dormia em seu recinto sob o olhar de sua guardiã, Li Xiaoyan. Fan Xing, nascida em maio de 2022, está se adaptando lentamente à sua nova dieta e ambiente, além de aprender o idioma chinês.

“Quando eles retornam, falamos um pouco de inglês com aqueles que vêm de países de língua inglesa, e gradualmente passamos para o chinês”, disse Li à AFP. “Nesse processo, precisamos criá-los com amor e cuidado, e estabelecer um bom relacionamento com os guardiões.”

Fonte: O Globo

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