Ovo acumula alta de 18,45% em 2022, puxado pela inflação dos insumos

Um dos principais itens da mesa dos brasileiros, o ovo de galinha acumulou alta de 18,45% em 2022, de acordo com dados divulgados pelo IBGE ( (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta semana. O aumento é o maior desde 2015, cujo índice ficou em 18,55% e é causado pela inflação dos insumos necessários à produção. A alta supera com folga o IPCA em termos gerais, que marcou 5,79% no ano passado, conforme o IBGE. A elevação de preços tem provocado reflexos  como o reajuste na margem de lucro para quem trabalha no ramo de alimentação fora de casa e no bolso dos potiguares, que  consideram o produto essencial e indispensável para o cardápio diário.

A aposentada Maria Aparecida da Silva, de 80 anos, foi ao supermercado e encontrou a placa com 30 ovos em promoção – a R$ 14,99 –  e aproveitou para levar quatro bandejas. “Tenho encontrado valores na casa dos R$ 19 ou R$ 20. Lá em casa as minhas filhas consomem muito, em todas as refeições, então, não dá para deixar o ovo de fora da alimentação. E, apesar de tudo, continua sendo a proteína mais barata”, comenta.

A autônoma Suely Jerônimo, de 52 anos, reclamou dos preços altos. “É um absurdo o quanto tem aumentado. O ovo é essencial, então, tem que levar para casa. Eu uso muito na minha dieta, não dá para faltar”, conta. A comerciante Lucineide Cruz tem um ponto no bairro do Alecrim, onde vende bolos e tortas. Ela desabafa que tem reduzido a margem de lucro porque não dá para repassar o aumento aos consumidores.

“Aqui a gente utiliza algo em torno de dez bandejas de ovos por semana e não pode aumentar o valor dos bolos. Então, diminuímos nosso lucro. Mas se a situação ficar muito difícil, a gente vai ter que repassar e isso vai reduzir as vendas.”, diz. Proprietária de um restaurante self-service no Alecrim, Joana d’Arc dos Santos compartilha da mesma queixa, em razão da alta nos preços do item. “Trabalho com sete bandejas de ovos por dia, mas não dá para repassar o aumento. Meus clientes são pessoas humildes. Se eu passar para elas eles essa alta, todos irão sumir”, desabafa Joana d’Arc.

Segundo fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE, o grande vilão do aumento registrado são os insumos para a produção de ovo. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Vieira, afirmou que os custos com farelo, milho, frete, combustível e energia são os principais fatores que mais pesaram no reajuste. “O aumento não tem nada a ver com escassez do produto, como tem ocorrido fora do Brasil. Aqui estamos tratando apenas de elevação de custos mesmo”, destacou.

Gilvan Mikelyson, presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), reforçou que a inflação é a grande causa do aumento registrado e diz não haver nenhuma possibilidade de faltar os produtos nas prateleiras do RN. Nos Estados e Unidos e na Europa, casos de gripe aviária e a guerra na Ucrânia alteraram os preços do ovo de galinha e provocaram o desaparecimento do item dos supermercados.

“A gente pode dizer que, no Brasil e no RN, o cenário de pandemia e a guerra na Europa barganham o aumento nos custos de produção, assim como as despesas com transporte e cuidados veterinários. Aqui não há risco de escassez, porque não houve interrupção de produção. Não há a mínima chance de o Estado passar por um processo de desabastecimento, porque a questão trata-se apenas de uma questão inflacionária”, explica Mikelyson, da Assurn.

Para o produtor Francisco Veloso, os preços devem continuar subindo em 2023, mas ele acredita que não haverá retração do consumo no Brasil. Além disso, para o empresário, o cenário lá fora do País, com os casos de gripe aviária, pode ajudar as exportações brasileiras. “O Brasil pode ganhar mercados internacionais como Japão e Emirados Árabes”, aponta.

Tribuna do Norte