Várias pessoas morreram durante uma operação realizada na sexta-feira à tarde pela Polícia Nacional do Haiti no reduto da gangue liderada por Jimmy Chérizier, o “Barbecue”, no distrito de Bas Delmas, arredores de Porto Príncipe, informou neste sábado Lionel Lazarre, coordenador do Sindicato Nacional da Polícia Haitiana (Synapoha). A operação tinha como objetivo desbloquear a estrada Delmas, bloqueada por criminosos há dias.
Segundo Lazarre, citado pelo jornal haitiano Le Nouvelliste, a operação contou com agentes da Companhia de Intervenção e Manutenção da Ordem (Cimo) como reforço, da Brigada de Operação e de Intervenção Departamental (Boid) e da Swat.
“Foram utilizados equipamentos pesados para desbloquear as estradas. Não sabemos o número de armas recuperadas. Fomos informados de que vários bandidos foram mortos mas não tenho o número exato”, disse.
Chérizier, um ex-policial nascido na capital haitiana, ganhou destaque ao liderar aquilo que descreve ser uma “revolução contra a elite política corrupta do país” após o assassinato do então presidente Jovenel Moïse, em 2021, consolidando-se como um dos mais poderosos líderes das máfias. Foi ele o responsável pela ameaça de iniciar um “guerra civil” que levaria a um “genocídio” caso o primeiro-ministro, Ariel Henry, não renunciasse.
Uma fonte da Autoridade Portuária Nacional também indicou à AFP que a polícia estava tentando recuperar o controle do principal terminal de Porto Príncipe na manhã deste sábado, diante de um novo ataque de criminosos que saquearam diversos contêineres.
A Caribbean Port Services S.A., que opera o porto da capital, havia anunciado em 7 de março a suspensão de suas atividades devido a “problemas de ordem pública”, indicando que havia sido alvo de “atos maliciosos de sabotagem e vandalismo” desde 1º de março.
Porto Príncipe tem sido palco de uma onda de violência por parte de gangues criminosas nas últimas semanas e a situação ainda era “explosiva” na sexta-feira, segundo a ONU, que anunciou na quarta o deslocamento de seus funcionários não essenciais do país, movimento que já foi feito pelos EUA e União Europeia.
Enquanto isso, os haitianos aguardam a criação de um conselho presidencial de transição após o anúncio da renúncia do controverso primeiro-ministro Ariel Henry. A tarefa é complicada pelo curto prazo exigido pela comunidade internacional e pela necessidade de dividir os sete membros do conselho entre diferentes partidos políticos e o setor privado.
As gangues controlam áreas inteiras do Haiti, incluindo 80% da capital, e são acusadas de homicídios, roubos, estupros e extorsões mediante sequestros — pelo menos 8,4 mil pessoas foram vítimas só no ano passado. No início deste mês, esses grupos armados se reuniram para atacar locais estratégicos, como o palácio presidencial, delegacias de polícia e prisões, desafiando abertamente Henry e exigindo sua renúncia. (Com AFP)
Fonte: O Globo