Operação militar de Israel no maior hospital de Gaza deixa mais de 140 mortos em 4 dias

Palestinos deslocados pelo conflito deixam redondezas do al-Shifa após início da operação militar, na segunda
Palestinos deslocados pelo conflito deixam redondezas do al-Shifa após início da operação militar, na segunda — Foto: AFP

A operação militar das Forças Armadas de Israel no Hospital al-Shifa, que chega ao 4º dia nesta quinta-feira, já deixou mais de 140 mortos, que os militares israelenses alegam ter relação com o Hamas e a Jihad Islâmica. De acordo com um balanço da ofensiva, divulgado pelos militares israelenses, mais de 50 alvos foram eliminados nas últimas 24 horas.

“Desde o início da operação, mais de 140 terroristas foram eliminados na área do hospital”, afirma um comunicado. Em uma publicação no Twitter, as FDI acrescentam que “infraestrutura terrorista” e “depósito de armas” foram localizados durante a ação no hospital e que em uma outra área de atuação, na região central de Gaza, cerca de 20 pessoas, também apontadas como terroristas pelos militares, foram mortas, incluindo dois deles em um ataque aéreo de precisão.

O contra-almirante Daniel Hagari, principal porta-voz do Exército, apareceu em um pronunciamento em vídeo na terça-feira, reafirmando que homens do Hamas e da Jihad Islâmica se escondiam no local. Ainda de acordo com Hagari, mais de 250 pessoas identificadas pelas FDI como terroristas foram presas e outras 350 estariam sob investigação. O porta-voz diz que Israel fornece água, alimentos e geradores para auxiliar o funcionamento do hospital.

A operação no Hospital al-Shifa, iniciada na madrugada de domingo para segunda-feira, foi apontada como necessária por Israel, justificando que forças do grupo terrorista Hamas, incluindo lideranças, teriam se reagrupado na região. As Brigadas al-Qassam, braço militar do Hamas, disseram que integrantes estavam “envolvidos em fortes confrontos com forças inimigas” perto do hospital, horas após o início da operação.

Ainda em curso, a operação é alvo de críticas e preocupação por se passar na maior unidade de saúde de Gaza, que também servia de abrigo milhares de civis, abrigados em barracas improvisadas. Embora a lei internacional estabeleça como crime de guerra “ataques intencionais diretos” contra hospitais, o entendimento das autoridades israelenses é de que o fato do local ser utilizado como centro de atividades terroristas o tornaria um alvo válido. Ontem, em um balanço anterior, as forças israelenses afirmaram que operaram “prevenindo danos aos pacientes, equipe e equipamentos” do hospital.

Apesar das alegações, surgem relatos de excessos durante a operação. Repórteres palestinos e funcionários do hospital ouvidos pela CNN afirmaram que as forças israelenses detiveram jornalistas e profissionais de saúde, vendaram-nos, despiram-nos e os deixaram do lado de fora da unidade hospitalar, no frio. Em um dos relatos, um repórter da al-Jazeera afirma ter ficado detido com sua equipe por 12 horas. A rede americana diz que não pode checar as alegações de forma independente.

O Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, anunciou nesta quinta-feira que 31.988 pessoas morreram e 74.188 pessoas ficaram feridas no território desde 7 de outubro. O balanço inclui ao menos 65 mortes nas últimas 24 horas, segundo o comunicado do ministério. (Com AFP)

Fonte: O Globo

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