Obstetra desabafa: “Ou se toma uma providência, ou morrerão muitas mães e filhos em Caicó”

Gravidez 2

Em entrevista à Rádio Rural de Caicó, o médico-obstetra do Hospital do Seridó, Dr. Elísio Galvão fez um desabafo ao denunciar a situação em que se encontra o atendimento materno-infantil na maior cidade da região do Seridó. Com apenas três obstetras atendendo no Hospital do Seridó, no dia que um deles adoece, como é o caso de Dr. Elísio que está acamado com 40 graus de febre, não tem quem substitua o plantão. O resultado, são gestantes retornando do Hospital, ou tendo que viajar para ter seus filhos em outras cidades, colocando em risco a saúde de todos, e se submetendo a parir dentro da ambulância no meio do caminho.

A gestão está brincando com a situação. Só neste ano já tivemos três mortes maternas e fetal, e ninguém toma providência. A não ser a ajuda que a Prefeitura de Caicó manda um quarto obstetra pago por ele, que não é obrigação jurídica, porque esse serviço é do Estado. Foi decepcionante ouvir o secretário de Saúde, Dr. Lageca dizer na Câmara Municipal que ainda estava preparando atitudes para tomar com relação a obstetrícia. Enquanto isso é mãe e filho morrendo. Se um de nós adoecer, como eu hoje estou de cama com 40 graus de febre não tem quem tire o plantão”, desabafou.

Na entrevista, o médico lamentou o fato da classe política da região estar acomodada com a situação. “Vem paciente de toda região e a gente não vê um gestor, nem de saúde, nem prefeito, ninguém se incomodar com essa situação. Do jeito que morre a gestante de Caicó, morre de qualquer lugar, mas ninguém se manifesta. Todos preferem culpar o Hospital do Seridó, mas esse serviço de obstetrícia é de direito e fato do Estado. Só falta reclamar ao Papa Francisco, enquanto isso nossas mães estão passando por essa situação”.

Dr. Elísio, visivelmente chateado e preocupado com a situação revelou um dado, até então desconhecido da opinião pública, de que o caos na Saúde da Mulher em Caicó tem contribuído para a incidência de situações mais graves. “Tenho provas de mulheres que fizeram o preventivo há oito meses e quando me chegam agora já vêm com câncer de útero, mulheres com 29 e 34 anos e essa a saúde da mulher que está sendo oferecida em Caicó. Quando a gente fala, não temos pai e nem patrão, porque jogam um para o outro. Ou se toma uma providência, ou morrerão muitas mãe e filhos em Caicó. Eu quero me solidarizar com as mulheres que estão indo ao Hospital do Seridó, e estão viajando pra Currais Novos e as vezes parindo no meio do caminho, em ambulâncias e colocando em risco a saúde dela e de seus filhos”, finalizou.

Ouça o relato do médico Elísio Galvão:

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