O que acontecerá com o tempo em 2029? Cientista recomenda subtrair um segundo do relógio; entenda

Para compensar irregularidades na rotação da Terra, segundos bissextos são tradicionalmente adicionados – mas pela primeira vez, um segundo poderá ser retirado, possivelmente em 2029
Para compensar irregularidades na rotação da Terra, segundos bissextos são tradicionalmente adicionados – mas pela primeira vez, um segundo poderá ser retirado, possivelmente em 2029 — Foto: Unsplash

A cada quatro anos, o calendário é ajustado com um dia extra, conhecido como ano bissexto. Mas além dessa mudança regular, ocasionalmente ocorre um fenômeno chamado de “segundo bissexto”, que adiciona ou remove um segundo do tempo universal coordenado (UTC). Esta medida é necessária devido à flutuação na velocidade da Terra em torno de seu eixo, resultando em uma duração de dia ligeiramente variável.

Recentemente, o geofísico Duncan Agnew, da UC San Diego, propôs pela primeira vez a implementação de um segundo bissexto “negativo” em 2029, devido à rápida aceleração da rotação terrestre. Essa mudança, no entanto, pode causar problemas significativos para sistemas tecnológicos, incluindo smartphones e computadores.

“Extrapolar as tendências para o núcleo e outros fenômenos relevantes para prever a orientação futura da Terra mostra que o UTC, tal como definido agora, exigirá uma descontinuidade negativa até 2029”, diz o professor Agnew no seu novo artigo.

Desde 1972, um segundo bissexto foi adicionado 27 vezes para compensar a desaceleração da rotação do planeta. Porém, desde 2020, observa-se uma aceleração, o que poderia exigir a remoção de um segundo bissexto no futuro para manter a sincronia com os relógios.

“Ainda há alguns anos, a expectativa era que os segundos bissextos seriam sempre positivos e aconteceriam cada vez com mais frequência”, descreve Agnew.

A proposta de um segundo bissexto “negativo” traz preocupações quanto à compatibilidade com sistemas tecnológicos modernos. Enquanto muitos sistemas podem lidar com a adição de um segundo, poucos estão preparados para sua remoção, o que poderia resultar em problemas de sincronização em redes de computadores. “Um segundo não parece muito, mas no mundo interconectado de hoje, errar a hora pode levar a enormes problemas” revela na análise.

Diversos fatores, como movimentos do núcleo líquido da Terra e o derretimento do gelo devido ao aquecimento global, influenciam a variação na taxa de rotação do planeta. O aumento do derretimento do gelo desacelera a rotação da Terra, atrasando a necessidade de um segundo bissexto negativo. No entanto, o aquecimento global também contribui para a aceleração desse fenômeno, tornando-os interligados de maneira complexa.

Apesar dos desafios técnicos e das incertezas associadas à implementação de um segundo bissexto negativo, é um reflexo das complexidades e interconexões entre os sistemas naturais e tecnológicos. Embora os cientistas tenham debatido a eliminação total do sistema de segundos bissextos em 2022, essa medida pode não ser implementada até 2035, altura em que a necessidade de um segundo bissexto negativo já poderia ter surgido.

Fonte: O Globo

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